quinta-feira, 29 de maio de 2008

NO princípio criou Deus os céus e a terra.


"NO princípio criou Deus os céus e a terra." gn 1:1


No princípio.
Estas palavras nos lembram que todo o humano tem um princípio. Só Aquele que está entronizado como o soberano Senhor do tempo não tem princípio nem fim. De modo que as palavras com que começam as Escrituras traçam um decidido contraste entre todo o que é humano, temporal e finito, e o que é divino, eterno e infinito. Ao fazer-nos lembrar nossas limitações humanas, essas palavras nos assinalam àquele que é sempre o mesmo, e cujos anos não têm fim (Heb. 1: 10-12; Sal. 90: 2, 10). Nossa mente finita não pode pensar em "o princípio" sem pensar em Deus, pois ele "é o princípio" (Couve. 1: 18; cf. Juan 1: 1-3). A sabedoria e todos os outros bens têm seu princípio com ele (Sal. 111: 10; Sant. 1: 17). E se alguma vez temos de assemelhar-nos de novo a nosso Hacedor, nossa vida e todos nossos planos devem ter um novo princípio nele (Gén. 1: 26, 27; cf. Juan 3: 5; 1 Juan 3: 1-3). Temos o privilégio de desfrutar da confiada certeza de que "o que começou" em nós "a boa obra, a aperfeiçoará até o dia de Jesucristo" (Fil. 1: 6). O é "o autor e consumador da fé" (Heb. 12: 2).
Nunca esqueçamos o fato sublime implícito nestas palavras: "No princípio... Deus".
Este primeiro versículo das Sagradas Escrituras faz ressaltar decididamente uma das seculares controvérsias entre os cristãos que crêem na Biblia, por um lado, e os escépticos ateus e materialistas de diversos matizes pelo outro. Estes últimos, que procuram em diferentes formas e em diversos graus explicar o universo sem Deus, sustentam que a energia é eterna. Se isto fosse verdade e se a matéria tivesse o poder de evoluir, primeiro das formas mais simples da vida, indo depois às mais complexas até chegar ao homem, certamente Deus seria desnecessário.
Gênesis 1: 1 afirma que Deus é antes de todo o que existe e que é, em forma excludente, a única causa de todo o demais. Este versículo é o fundamento de todo pensar correto quanto ao mundo material. Aqui ressalta a impressionante verdade de que, "ao formar o mundo, Deus não se valeu de matéria preexistente" (3JT 258).
O panteísmo, a antiga herejía que despoja a Deus de personalidade ao diluí-lo por todo o universo, fazendo-o assim sinônimo da totalidade da criação, também fica exposto e refutado em Gén. 1: 1. Não há base para a doutrina do panteísmo quando um 220 crê que Deus viveu sereno e supremo antes de que tivesse uma criação e, portanto, está por em cima e aparte do que criou.
Nenhuma declaração poderia ser mais apropriada como introdução das Sagradas Escrituras. Ao princípio o leitor conhece a um Ser omnipotente, que possui personalidade, vontade e propósito, existindo antes que todo o demais e que, portanto sem depender de ninguém mais, exerceu sua vontade divina e "criou os céus e a terra".
Não devesse permitir-se que nenhuma análise de questões secundárias concernientes ao mistério de uma criação divina, já seja quanto ao tempo ou ao método, escurecesse o fato de que a verdadeira linha divisória entre uma crença verdadeira e uma falsa acerca do tema de Deus e a origem de nossa terra consiste na aceitação ou a rejeição da verdade que faz ressaltar este versículo.
Aqui mesmo devesse expressar-se uma palavra de precaução. Durante longos séculos os teólogos especularam com a palavra "princípio", esperando descobrir mais dos caminhos misteriosos de Deus do que a sabedoria infinita viu conveniente revelar. Por exemplo, veja-se na nota adicional ao final deste capítulo o exposto quanto à teoria da criação baseada num falso cataclismo e restauração. Mas é ociosa toda especulação. Não sabemos nada do método da criação mais lá da sucinta declaração mosaica: "Disse Deus", "e foi assim", que é a misteriosa e majestosa nota dominante no hino da criação. Estabelecer como a base de nosso razonamiento que Deus tem que ter feito assim e asá ao criar o mundo, pois caso contrário as leis da natureza tivessem sido violadas, é escurecer o conselho com palavras e dar ajuda e sustento aos escépticos que sempre insistiram em que todo o registo mosaico é incrível porque, segundo se pretende, viola as leis da natureza. Por que deveríamos ser mais sábios do que o que está escrito?
Muito em especial, nada se ganha com especular acerca de quando foi criada a matéria que constitui nosso planeta. Respecto ao fator temporal da criação de nossa terra e todo o que depende disto, o Gênesis faz duas declarações: (1) "No princípio criou Deus os céus e a terra" (vers. 1). (2) "Acabou Deus no dia sétimo a obra que fez" (cap. 2: 2). As passagens afines não adicionam nada ao que se apresenta nestes dois textos quanto ao tempo implicado na criação. À pergunta: Quando criou Deus "os céus e a terra"? e à pergunta: Quando completou Deus sua obra?, tão-só podemos contestar: "Acabou Deus no dia sétimo a obra" (cap. 2: 2), "porque em seis dias fez Jehová os céus e a terra, o mar, e todas as coisas que neles há, e repousou no sétimo dia" (Exo. 20: 11).
Estas observações acerca do relato da criação não se fazem com o propósito de fechar o debate, senão como uma confissão de que não estamos preparados para falar com certeza se vamos mais lá do que está claramente revelado. O mesmo fato de que tanto dependa do relato da criação, mesmo o edifício completo das Escrituras, impulsa ao piedoso e prudente estudante da Biblia a restringir suas declarações às palavras explícitas das Sagradas Escrituras. Certamente, quando o amplo campo da especulação o tienta a perder-se em divagaciones em áreas não diagramadas de tempo e espaço, não pode fazer nada melhor do que enfrentar a tentação com a singela réplica: "Escrito está". Sempre há segurança dentro dos limites protetores das comillas bíblicas.


Criou Deus.
O verbo "criar" vem do hebreu bara", que na forma em que se usa aqui descreve uma atividade de Deus, nunca dos homens, Deus cria "o vento" (Amós 4: 13), "um coração limpo" (Sal. 51: 10) e "novos céus e nova terra" (Isa. 65: 17). As palavras hebréias que traduzimos "fazer", "asah, "formar", yatsar e outras, frequentemente (mas não em forma exclusiva) usam-se em relação com a atividade humana, porque presuponen matéria preexistente.
Estas três palavras se usam para descrever a criação do homem. As mismísimas primeiras palavras da Biblia estabelecem que a criação leva a marca da atividade própria de Deus. A passagem inicial das Sagradas Escrituras familiariza ao leitor com um Deus a quem devem sua mesma existência todas as coisas animadas e inanimadas (Heb. 11: 3). A "terra" aqui mencionada evidentemente não é o terreno seco que não foi separado das águas até o terceiro dia, senão todo nosso planeta.