sábado, 30 de maio de 2009


Fiz a Escolha Certa?

Não devemos pôr a responsabilidade de nosso dever sobre outros, e esperar que eles nos digam o que fazer. Não podemos depender da humanidade quanto a conselhos. O Senhor nos ensinará nosso dever com tanta boa vontade como o faz a qualquer outro. Se a Ele nos achegarmos com fé, transmitir-nos-á pessoalmente os Seus mistérios. Nosso coração arderá muitas vezes dentro de nós ao aproximar-Se Alguém para comungar conosco como fez com Enoque. Os que decidem não fazer, em qualquer sentido, coisa alguma que desagrade a Deus, depois de Lhe apresentarem seu caso saberão a orientação que hão de tomar. E não receberão unicamente sabedoria, mas força. Ser-lhes-á comunicado poder para a obediência e para o serviço, assim como Cristo prometeu. O Desejado de Todas as Nações, pág. 668.
O casamento é alguma coisa que influenciará e afetará sua vida tanto neste mundo como no porvir. Um cristão sincero não levará avante seus planos nessa direção sem conhecer que Deus lhe aprove as intenções. Não quererá escolher por si mesmo, mas sentirá que Deus deve escolher. Não temos de nos agradar a nós mesmos, pois Cristo não Se agradou a Si próprio. Não quero que entendam que estou querendo dizer que alguém deva casar-se com uma pessoa a quem não ame. Isto seria pecado. Porém a fantasia e a natureza emocional não devem ter permissão de dirigir para a ruína. Deus requer todo coração, o supremo afeto. O Lar Adventista, pág. 43.
Se homens e mulheres têm o hábito de orar duas vezes ao dia antes de pensar no casamento, devem fazê-lo quatro vezes quando pensam em dar esse passo. O casamento é uma coisa que influenciará e afetará sua vida, tanto neste mundo como no porvir. O cristão sincero não avançará os seus planos nesta direção sem ter o conhecimento de que Deus aprova seu proceder. Mensagens aos Jovens, pág. 460.
Se há qualquer assunto que deveria ser considerado com calma reflexão e juízo desapaixonado, é este o assunto do casamento. Se há tempo em que se necessita da Bíblia como uma conselheira, é antes de dar um passo que ligue pessoas por toda a vida. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 103.
Instituído por Deus, o casamento é uma ordenança sagrada, e nunca se deve entrar nele com espírito de egoísmo. Aqueles que pensam em dar esse passo, devem considerar-lhe solenemente e com oração a importância, e buscar conselho divino a fim de saberem se estão seguindo uma direção em harmonia com a vontade de Deus. A instrução dada na Palavra de Deus a esse respeito deve ser cuidadosamente considerada. O Céu contempla com prazer o casamento formado com sincero desejo de conformar-se com as direções dadas na Escritura. O Lar Adventista, pág. 70.

domingo, 22 de março de 2009

Eis que Jesus está voltando!
Sua promessa será cumprida...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Casados, Mas Felizes

Michael e Jennifer realizaram o casamento tão esperado e planejado e viram-no desenrolar-se como um lindo sonho. Cada detalhe era perfeito e cuidadosamente planejado.Michael pensou em tudo o que ocorrera durante os últimos dois anos e meio. Estava convicto de que foram os anos mais maravilhosos de sua vida. E Jennifer sentia-se a mulher mais feliz do mundo. Estar com Michael e saber que agora ficariam juntos para sempre produzia-lhe profunda emoção.Michael e Jennifer estavam experimentando o sentimento especial daqueles que acreditam ter encontrado sua “alma gêmea”. Sentiam que seus sonhos haviam-se realizado e que suas necessidades seriam atendidas.Quase todo ser humano deseja estabelecer um lar com uma pessoa que seja sua “outra metade”; alguém que compartilhe uma amizade íntima e experiências de vida que não podem ser divididas com mais ninguém. Eles acreditam que, nesse sentido, estarão plenamente realizados.O primeiro casalO registro bíblico indica que Deus criou os seres humanos com um desejo inato por um companheiro com quem estabelecer um lar. Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só”, e fez-lhe uma “auxiliadora” (Gênesis 2:18). Somente depois disso Adão tornou-se um ser completo.Muitas pessoas têm dificuldades de encontrar sua “auxiliadora” ou “auxiliador”. Freqüentemente acham alguém que não é um auxílio, mas um obstáculo, e acabam sentindo que é melhor viver sozinho do que em má companhia.Por que os casamentos fracassamMuitos falham em encontrar uma “auxiliadora” ou “auxiliador” porque ignoram um ou mais passos necessários para um namoro bem-sucedido. Aqueles que não obtêm sucesso no namoro, provavelmente terão um casamento fracassado. Os casais que têm dificuldades de relacionamento na fase do namoro diminuem as probabilidades de um casamento bem-sucedido. Eles começam com o pé errado e tropeçam durante todo o caminho. (Ver “Características de um namoro feliz”).Deste dia em dianteEm pé diante do pastor, Michael e Jennifer prometeram um ao outro “viverem juntos conforme os mandamentos de Deus no santo estado do matrimônio… para amar, honrar e confortar… na doença e na saúde, na prosperidade e na adversidade… e renunciando a todas(os) as/os outras/outros, conservando-se somente um para o outro enquanto ambos viverem”. Ambos responderam firmemente: “Sim!”Durante a cerimônia, o pastor citou as palavras de Tertuliano que têm inspirado casais através dos séculos:
“Quão belo é o casamento de dois cristãos que são um em esperança, em desejo, em estilo de vida, na religião que praticam. Nada os divide, quer na carne quer no espírito. Eles oram juntos, adoram a Deus juntos, jejuam juntos, instruem-se uns aos outros, encorajam-se uns aos outros, fortalecem-se uns aos outros. Lado a lado vão à casa de Deus e participam dos banquetes divinos; juntos enfrentam dificuldades e perseguições e compartilham consolação. Não guardam segredos um do outro; nunca evitam a companhia um do outro; nunca deixam triste o coração um do outro. Eles visitam o doente e ajudam o necessitado. Cantam salmos e hinos uns para os outros, sempre procurando louvar ao Senhor. Cristo Se regozija em ouvi-los e vê-los. Para esses Ele concede Sua paz.” (Citado por William J. McRae, Biblioteca Sacra, 1987).Quando o pai de Jennifer a deu em casamento, sentiu um nó na garganta. Sua mãe achou que ia desmaiar quando viu sua filhinha deixar o lar para sempre. Que dilema difícil enfrentam os pais — sofrem quando os filhos se casam, e sofrem se seus filhos nunca se casam. Mas esse sofrimento não se compara à agonia de vê-los fracassarem no casamento.


O que estava reservado para Michael e Jennifer em sua nova vida de casados? Será que esses jovens marinheiros, ao serem arremessados no oceano da vida num pequeno barco chamado casamento, estariam preparados para as surpresas que os esperavam além do horizonte? Será que sobreviveriam às tempestades ou seriam destruídos pela fúria dos problemas encontrados na travessia? Eles estavam decididos a vencer, quaisquer que fossem os obstáculos. Oh, como eles queriam ser felizes! Porém, as estatísticas, as chances, estavam contra eles.Contra todas as probabilidadesAs estatísticas de divórcio são alarmantes. De cada dois casamentos realizados atualmente nos Estados Unidos, um termina em divórcio ao longo dos sete primeiros anos. Será que Michael e Jennifer fracassariam no casamento? De acordo com J. Carl Laney, em seu livro The Divorce Myth [O Mito do Divórcio], o Departamento de Recenseamento dos Estados Unidos relatou que em 1920 havia um divórcio para cada sete casamentos; em 1940 havia um para cada seis; em 1960, um para cada quatro; e em 1977, um para cada dois. Entre 1967 e 1977, o índice de divórcios duplicou-se. Na década de 1980, o divórcio constituía 53 por cento do número total de casamentos. Nessa proporção, diz Laney, logo haverá um divórcio para cada casamento. (Ver ao lado: “Razões erradas para se casar”)O casamento é ainda o tipo de relacionamento preferidoCom tais estatísticas, quem pretende casar-se? Bem, quase todo o mundo! Uma grande porcentagem da população subirá, um dia, ao altar. Estima-se que 96 por cento de homens e mulheres se casam. Dentre aqueles que se divorciam, a metade se casará novamente. Devido aos benefícios associados ao matrimônio, a humanidade está completamente voltada para a idéia do casamento. Apesar da dor vivida por aqueles que se divorciam, o casamento continua sendo o tipo de relacionamento preferido pela maioria de homens e mulheres. Na sociedade contemporânea, esse relacionamento ainda provê, entre outras vantagens, a oportunidade de satisfazer a necessidade que se sente de amizade íntima e segurança. (Ver quadro: “Benefícios do casamento”).A despeito das vantagens oferecidas pela vida de casados, os casamentos modernos parecem não atingir os objetivos esperados. Em seu livro Mirages of Marriage [Miragens do Casamento], William Lederer e Don Jackson afirmam que apenas 10 a 15 por cento das pessoas casadas desfrutam um relacionamento feliz. No começo de sua vida de casados, muitos descobrem que o casamento não é exatamente o que esperavam ou buscavam na vida.Muitos casamentos mudam de Romeu e Julieta para Romeu versus Julieta; de “dois em um” para “dois em tudo”. Parece que depois da lua-de-mel, o mel desaparece e o casal é deixado com o peso da lua. Em sua obra Intimate Life Styles [Estilos de Vida Intima], o sociólogo Mervyn Cadwallader declara o seguinte sobre os casamentos contemporâneos: “A verdade que observo é que os casamentos contemporâneos são uma instituição despedaçada. Eles expulsam a afeição voluntária e o amor, que deve ser desinteressadamente dado e recebido com alegria. Lindos romances são transformados em casamentos maçantes e, posteriormente, em relacionamento corrosivo e destrutivo. Esse romance que um dia foi lindo reduz-se a nada mais que uma obrigação e contrato amargos.”Aquilo que poderia ter sido uma grande benção é transformado numa terrível maldição. Como conseqüência, muitos casamentos terminam em divórcio.Um espinho na carne?O casamento não é fácil. Não é apenas trabalhoso encontrar nosso(a) “auxiliador(a)”, mas é difícil ajustar-se à vida com essa pessoa. O apóstolo Paulo sugere que os casados terão “angústia na carne” (I Coríntios 7:28). Essa angústia começa cedo no casamento, muitas vezes durante a lua-de-mel, e é causada pelo período normal de adaptação. É nesse momento que duas mentes procuram concordar em tudo e descobrem que não somente é difícil, mas literalmente impossível fazê-lo.Para muitos, a lua-de-mel termina rápido. A brandura que é tão importante num casamento feliz começa a minguar drasticamente. Desde o momento da primeira discórdia, que pode acontecer tão logo termine a cerimônia matrimonial ou após alguns dias de vida em comum, o casal descobre que “o amor é cego, mas o casamento logo abre seus olhos”.Romeu e Julieta vão para a lua-de-mel e, em poucos dias, Romeu se volta contra Julieta e seu lar torna-se um campo de batalha. É uma guerra sem vencedores; apenas perdedores. (Ver ao lado: “Os problemas mais comuns do casamento”).O casamento pode ser felizÉ possível desfrutar um casamento duradouro e feliz se ambos os cônjuges desejarem sinceramente isso e fizerem todo esforço para alcançá-lo. Embora a maioria dos casamentos passe por fases críticas, as dificuldades podem ser superadas.O que torna um casamento feliz? Que fatores determinam seu sucesso? Numa pesquisa que realizei com 100 casais, descobri que os seguintes fatores são vitais. Eles estão alistados em ordem de importância.1. Comunicação clara e constante entre os cônjuges. O Dr. Norman Wright considera que a comunicação é a chave de um casamento feliz.2. Amor mútuo e expressões de afeição não somente em palavras, mas também através de atos. Isso inclui acariciar, beijar, abraçar, dar as mãos, e dizer “eu te amo”. Os casais necessitam continuar a fazer as mesmas coisas que faziam quando namoravam.3. Religião no lar. Permitir que Cristo seja o centro, e tudo o mais se seguirá. As práticas religiosas incluem leitura da Bíblia, culto familiar, freqüência à igreja e oração.4. Respeito e compreensão mútuos entre os cônjuges. Isso significa ter consciência dos fardos e responsabilidades que cada um carrega e ajudarem-se mutuamente tanto quanto possível.5. Atenção à situação financeira do casal. Isso inclui atingir o maior grau possível de solvência no planejamento e execução do orçamento familiar.6. Tomar tempo para o casal. Ainda que o trabalho e as responsabilidades domésticas sejam importantes, não há desculpas para não se gastar tempo em estarem juntos, fortalecendo o relacionamento matrimonial.7. Compartilhar momentos de recreação e diversão saudáveis. Aproveitar juntos a vida.Para se chegar a um casamento feliz, o casal deve estar convencido de que pode consegui-lo. A não ser pela morte de um cônjuge, não existe nenhuma dificuldade que não possa ser resolvida numa relação de casamento cristão. Os casais deveriam identificar os problemas pelos quais estão passando, chegar a um acordo sobre como resolvê-los, e então se esforçarem decisivamente em solucioná-los.
Ferir e fugir é para covardes; ausentar-se é para desertores; “dar as costas” é a marca dos ingratos; abandono é a saída dos mal-agradecidos; “não há nada que se possa fazer” é a expressão do ignorante. Não há situação que não seja solucionada quando marido e mulher se comprometem com o sucesso de seu casamento e se unem para lutar juntos. Em casos complexos, a orientação de um conselheiro matrimonial cristão experiente será de valiosa ajuda. E Deus sempre está disponível para ajudar. (Ver ao lado: “Como ter um casamento feliz”).O que aconteceu com Michael e Jennifer? Eles tomaram a decisão de ser felizes juntos e conseguiram. Eles dizem que a chave de seu sucesso é passar muito tempo juntos. Eles tiveram uma terrível briga poucos dias após o casamento. Michael decidiu abandonar o lar. E quando estava indo embora, Jennifer correu até o carro e disse: “Se você está me abandonando, eu vou junto com você!” Michael deu uma gargalhada e a abraçou. Desde então eles têm aprendido a se amarem mutuamente, “não importando as circunstâncias”.Autor: Alfonso Valenzuela (D. Min. e Ph.D. pelo Seminário Teológico de Fuller) é terapeuta familiar e leciona Estudos do Casamento e da Família no Seminário Teológico da Universidade de Andrews, Berrien Springs, Michigan, E.U.A. Este artigo foi baseado em seu livro “Casados Pero Contentos”. Ele é também autor dos livros Juventud enamorada, Como fortalecer la família, Padres de éxito, e Casados y enamorados. Seu e-mail é: vale@andrews.edu

Chá de camomila previne complicações da diabetes, diz estudo


Beber chá de camomila diariamente pode ajudar a prevenir algumas das conseqüências da diabetes tipo-2, tais como cegueira, lesões nos nervos e nos rins, de acordo com pesquisadores no Japão e na Grã-Bretanha.
A descoberta pode levar ao desenvolvimento de um novo medicamento derivado de camomila para a doença, cuja incidência vem aumentando em todo o mundo.
No novo estudo, o pesquisador Atsushi Kato, da Universidade de Toyama, ressalta que camomila vem sendo usada há anos como uma cura informal para problemas diversos como estresse, resfriado e cólica menstrual.
Recentemente os cientistas propuseram que o chá da erva pode ser benéfico também no combate à diabetes, mas a teoria não tinha sido testada cientificamente até agora.
Os pesquisadores deram extrato de camomila a um grupo de ratos diabéticos durante 21 dias, e compararam o resultado a um grupo de animais de controle em uma dieta normal.
O nível de glicose no sangue de animais que ingeriram camomila foi significativamente menor do que o dos ratos no grupo de controle, disseram os cientistas.
Também foi registrada uma redução da concentração das enzimas ALR2 e sorbitol. A concentração elevada dessas substâncias está associada a um aumento das complicações relacionadas à diabetes.
A pesquisa foi divulgada na revista Journal of Agricultural and Food Chemistry.


Vida saudável reduz pela metade risco de morte prematura, diz estudo


Um estudo conduzido por pesquisadores americanos sugere que mulheres podem reduzir riscos de morte prematura pela metade se adotarem um estilo de vida mais saudável.
Segundo os especialistas, da Harvard Medical School e do Brigham and Women's Hospital, 55% de mortes causadas por doenças crônicas podem ser impedidas se as mulheres seguirem uma dieta alimentar saudável, não fumarem e se exercitarem regularmente.
Os cientistas acompanharam 77.782 mulheres ao longo de 24 anos, ao fim dos quais foram registradas 8.882 mortes.
Segundo os especialistas, 1.790 óbitos estavam ligados a doenças cardíacas e 4.527 mulheres haviam morrido de câncer.
Na avaliação dos pesquisadores, 28% das mortes foram atribuídas ao cigarro enquanto outros 55% estavam relacionados a uma combinação entre cigarro, falta de exercícios, dieta alimentar inadequada e obesidade.


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Marcos 2:23-28 e Mateus 12:3-8

“Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e

teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado”. (Marcos 2:23-28).

“Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado”. (Mateus 12:3-8).

O sábado Bíblico remonta da criação do mundo. Ao Deus terminar sua obra criadora, Ele estabeleceu o sábado, o qual abençoou e santificou (Gênesis 2:1-3). Isto mostra-nos o quando Deus tornou o sábado um dia santo, ou seja, “separado” para uso santo.

O Eterno Deus estabeleceu o sábado como memorial da criação, como o objetivo de conservar na mente de seus filhos o verdadeiro motivo pelo qual Ele deve ser adorado – Porque Ele é o Criador, e nós as suas criaturas. O estabelecimento do sábado foi para manter na mente humana a lembrança de que há um Deus Criador e que não estamos no mundo por acaso. É uma proteção contra o ateísmo e idolatria.

O sábado (hebraico Shabbath) foi criado por Deus para que pudéssemos desfrutar um dia inteiro de comunhão com o Ele e nossa família; Deus viu que iríamos precisar santificar um dia, pois durante a semana não temos tempo integral (só poucas horas) para adorar a Deus e estar com a família. O sábado é meio divino de nos colocar em maior comunhão com Deus e com a família e um remédio contra o estresse, devido á possibilidade de descanso total das obras rotineiras.

Sendo que a guarda do sábado é tão importante, como harmonizar isto com alguns textos Bíblicos que falam que Jesus curou no sábado e permitiu que os discípulos colhessem espigas neste dia?

Vejamos:

Porque Jesus curou nos sábados e permitiu que os discípulos colhessem espigas?

Os fariseus tinham fanatizado a guarda do Sábado. Nas leis deles, era proibido caminhar mais que um quilômetro aos sábados; se uma pessoa deixasse cair um lenço, não poderia juntá-lo por que era Sábado; tinha-se aproximadamente trezentas regras em relação ao dia de guarda.

Ao permitir que os discípulos colhessem espigas no Sábado, ao curar as pessoas neste dia, Cristo não estava abolindo o mandamento. Ele estava ensinando-os a guardarem o sábado do modo correto. O próprio Jesus disse que “é lícito fazer o bem aos sábados” (Mateus 12:12). O Sábado é um dia próprio para fazermos obras de caridade, auxiliar os enfermos, visitar orfanatos e asilos, dar estudos Bíblicos.

Notemos que o Senhor disse “é lícito fazer o bem”, e não trabalhar, pois desviaria nossa atenção de Deus. Deus nos deu seis dias da semana para fazermos o que quisermos; Ele exige apenas um dos dias integrais da semana para dedicarmos em comunhão contínua com Ele.

Jesus guardou a lei: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. (João 15:10).

Durante a semana trabalhava na carpintaria, mas no sábado ia á igreja, “segundo seu costume”: “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler”. (Lucas 4:16).

“Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou”. (1 João 2:6 ). Eu quero seguir o exemplo de Jesus e andar como ele andou.

Portanto, o simples ato de colher espigas no sábado não foi um pecado, pois eles não estavam fazendo uma “colheita” (o que as escrituras não aprovam – ver Êxodo 34:21), mas apenas colhendo para “comer”, assim como se faz ao comer uma “fruta”. Não é pecado apanhar uma fruta para comer no Sábado. Jesus com esta lição queria ensinar isto ao povo da época.

[1][7]“Os sacerdotes...violam o sábado”. – O raciocínio do Senhor neste passo é muito claro: se seus discípulos estavam profanando o sábado por colherem espigas para come-las a seguir (o que era perfeitamente legal), então os atos dos sacerdotes ao cumprirem sua função religiosa no templo (e faziam sacrifícios em dobro nesse dia, cf. Números 28:9) seriam também transgressão.

Caso, por suas palavras, Cristo estivesse afirmando que os sacerdotes desrespeitavam o mandamento, então realmente se poderá concluir que Deus deu ao povo uma lei santa ordenando a santificação do sábado, para depois transmitir a Moisés outra lei eclesiástica que resultaria em violação semanal do sábado da primeira...

É evidente, que o isso da palavra “violam” deve aqui ser compreendido no contexto daquela controvérsia, e a referência de Cristo aos sacerdotes foi simplesmente como ilustração da declaração que pouco depois faria: “Logo, é lícito fazer bem, aos sábados”. (v.12).
[1][7] Consulta Doutrinária (Casa Publicadora Brasileira, 1a Edição, 1979) p. 152 e 153.


“E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).

Um verso que nos ajudará a entender esta declaração de Jesus é o seguinte:

“Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem”. (1 Coríntios 11:9).

Se a afirmação de Jesus que “o sábado foi estabelecido por causa do homem e não o homem por causa do sábado” abole o mandamento, temos de supor que a afirmação de Paulo de que “o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem” quer dizer que Deus “aboliu a mulher e sua importância”, o que seria absurdo.

Um dos ensinos de Paulo neste verso é que a mulher foi criada para beneficiar o homem (pois este estava só); o mesmo se dá com o sábado.

Ao dizer que “o Sábado foi estabelecido por causa do homem e não o homem por causa do Sábado”, Jesus está afirmando que o dia de guarda foi santificado para “beneficiar” o homem, e não o homem beneficiar o Sábado. O Sábado foi estabelecido para que o homem pudesse descansar de suas obras diárias e dedicar este tempo somente ao criador, para refletir em seu amor e no seu poder criativo. Os judeus achavam o contrário.

Raciocinemos: Se o sábado foi feito para o benefício do homem, quando que o ser humano se beneficiará dele? Guardando-o! Não podemos nos beneficiar com suas bênçãos sem observá-lo.

Vejamos um estudo extraído do livro “Sutilezas do Erro” acera deste assunto:

“Vejamos o que o Mestre quis dizer com estas palavras. Há aí duas proposições: uma do sábado servir ao homem; outra, do homem sujeitar-se ao sábado. Consideremos a primeira. É de clareza meridiana. O sábado foi instituído e oferecido ao homem como algo muito precioso, como um bem, um favor divino. Figueiredo traduz: “O sábado foi feito em contemplação do homem”. O sentido evidente é que o sábado foi instituído para o bem estar físico, moral e espiritual das criaturas humanas. O sábado é assim uma instituição a favor do homem, em seu benefício, uma bênção grandiosa. Só uma perversa distorção do texto poderia levar à conclusão de que o sábado deva ser considerado contrário ao homem...

“A segunda proposição contida no texto diz: ‘e não o homem por causa do sábado’. Simples demais para ser entendida. Deus não criou o homem porque Ele tivesse um sábado necessitando ser guardado por alguém. Ao contrário, criara primeiro homem , e depois o sábado para atender-lhe às necessidades de repouso e recreação espiritual. Assim o sábado lhe seria uma bênção e não uma carga. O farisaísmo dos dias de Cristo obscurecera o verdadeiro caráter do sábado. Os rabinos o acumularam de exigências esdrúxulas que o tornaram um fardo quase insuportável. A atitude de Cristo para com o sábado foi a de escoima-lo desses acréscimos, devolvendo-o à prístina pureza. A atitude de Cristo para com Seu santo dia foi de reverência e não de desprezo.

“E de passagem cabe aqui uma observação: o sábado foi feito por causa do homem, e isto não pode ser verdade em relação ao domingo, porque no primeiro dia da semana o homem ainda não fora criado!

“...sendo o sábado um mandamento da lei de Deus, se Cristo o transgredisse de qualquer maneira Se tornaria um pecador, e nessa condição não poderia ser nosso Salvador!

“...Jesus declarou-Se Senhor do sábado! Solene e importantíssima declaração! Frise-se bem que Ele é o Senhor do sábado e não do domingo, embora a cristandade... averbe este dia este dia como o “dia do Senhor”. Cristo, porém, reafirmou Sua soberania sobre o sábado. É o autor do sétimo dia, consagrado ao repouso e, nessa qualidade, sabe o que é lícito ou não fazer nele. Os fariseus que censuraram os discípulos por apanharem espigas, foram além dos reclamos divinos, “além do que está escrito”. Punham restrições descabidas à guarda do sábado. E Jesus, para mostrar-lhes Sua autoridade, apresenta-Se como Autor do sábado. Nada há de derrogatório na declaração do Mestre. Ao contrário, reafirma o valor e a vigência do sábado, escoimado, no entanto, das exigências talmúdicas

“Broadus, renomado comentarista Batista, tratando desse texto, assim conclui:

“Mas o sábado permanece ainda, pois que existia antes de Israel, e era desde a criação um dia designado por Deus para ser santificado” (Gên. 2:3)...” (John A. Broadus, Comentário de Mateus, Vol. 1, pág. 345).

“Cristo jamais combateu o sábado, mas apenas a maneira de guarda-lo, a estreiteza dos fariseus.

“Diz Strong, grande teólogo batista:

‘Nem nosso Senhor ou os apóstolos ab-rogaram o sábado do decálogo. A nova dispensação abole as prescrições mosaicas quanto à forma de guardar o sábado mas ao mesmo tempo declara sua observância de origem divina e como sendo uma necessidade da natureza humana... Cristo não cravou na cruz qualquer mandamento do decálogo...Jesus não Se defende da acusação de quebrar o sábado, declarando que este fora abolido, mas estabelece o verdadeiro caráter do sábado em atender uma necessidade humana fundamental’ (A.H. Strong, Systhematic Theology, p. 409).


“Ryle, erudito comentarista evangélico, tratando do texto diz:

‘Não devemos deixar-nos arrastar pela opinião comum de que o sábado é mera instituição judaica, que foi abolido ou anulado por Cristo. Não há uma só passagem das Escrituras que isso prove. Todos os casos em que nosso Senhor Ser refere ao sábado, fala contra as opiniões errôneas que os fariseus propagaram a respeito de sua observância. Cristo depurou do quarto mandamento da superfluidade profana dos judeus... O Salvador que despojou o sábado das tradições judaicas e que tantas vezes esclareceu o seu sentido, não pode ser inimigo do 4o mandamento. Pelo contrário, Ele o engrandeceu e o exaltou’ (J. C. Ryle, Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas, pág. 79)[1][8].
[1][8] Arnaldo B. Christianini, Subtilezas do Erro, (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1a Edição, 1965) p. 162- 164.


“Porque o Filho do Homem é senhor do sábado”. (Mateus 12:8).

Neste verso Jesus diz que é o “Senhor do Sábado”, referindo-se ao fato de que ele é o dono. Ele faz o que quiser, ou seja, ele diz como se deve guardá-lo ou não.

Como visto anteriormente, Jesus guardou o sábado e em sua vida testemunhou acerca da maneira correta de faze-lo, como um memorial do Criador e da criação e sem o fanatismo ensinado pelos fariseus.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Êxodo 35:3 e Números 15:32-36

“Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado”. (Êxodo 35:3 RA).

“Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação. Meteram-no em guarda, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer. Então, disse o SENHOR a Moisés: Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés”. (Números 15:32-36 RA).


Estas Leis existentes acerca do Sábado, aparentemente excessivas, eram dadas deste modo sabe porque? “As Leis são dadas de acordo com a consciência moral das pessoas”. Naquela época, eles tinham uma mentalidade diferente. Acender fogo no Sábado, maldizer os pais era punido com a morte. Em Êxodo 21:17 era ordenado: “quem maldizer seu pai ou sua mãe será morto”. Será que o fato de ser ordenado matar quem maldissesse seus pais seria uma desculpa para não guardarmos o mandamento que diz Honra teu pai e tua mãe? Claro que não, pois eles merecem todo nosso amor e respeito.

Vemos então que não é porque a profanação do Sábado era punida com a morte que iremos abolir o mandamento de Deus, que é eterno (Salmo 119:152), assim como não podemos tirar do decálogo o mandamento “honra teu pai e tua mãe”(Êxodo 20:12) pelo fato deste também ser punido na época com a morte. Estas punições estabelecidas por Moisés eram para “mostrar a importância” da Lei.

Ascender fogo no dia de sábado.

“Antanho ascender um fogo exigia considerável esforço. O clima relativamente cálido da região do Sinai não se fazia necessário o aquecimento, e o fogo só houvera servido para cozinhar. Posto que não era indispensável para a saúde comer alimentos quentes em tal clima, não se devia preparar comida quente no sábado ... Este mandato é observado estritamente todavia, nos lugares de clima frio, para os judeus caraítas, que não permitem ascender nem luz nem fogo nas suas casas durante o dia de sábado. Sem dúvida, muitos judeus consideram que esta ordem era de caráter transitório, e ascendem luzes e fogo, inclusive em Israel. Porém os judeus ortodoxos estritos não cozinham (hoje) nenhum alimento no dia sábado”[1][1].

Porque o homem que apanhou lenha no sábado foi morto?

“O pecado deste homem era claramente insolente, e o mesmo era uma ilustração da classe de pecado de que se fala em Números 15: 30...”.
33.

“Foi sua atitude desafiadora que provocou o severo castigo. Deliberadamente quebrantou o sábado”.[2][2]
[1][1] Extraído do Cd – Rom – Comentário Bíblico Adventista do 7o Dia (Casa Publicadora da Argentina).
[2][2] Comentário Bíblico Adventista do 7o Dia Volume I, pág. 888.

Fonte: Escola Bíblica, Caixa Postal 89690 - CEP 28610-972 - Nova Friburgo, RJ.
e-mail: escolabiblica@sisac.org.br

Pastor adventista é executado nas Filipinas

Rebeldes comunistas do Exército do Povo (NPA, sigla em inglês) executaram o ministro cristão Josefino Estaniel, acusado de ajudar os soldados em uma campanha de anti-insurreição em Mindanao por pregar uma mensagem de amor e não de guerra, segundo um porta-voz regional do Exército filipino.O coronel Kurt Decapia disse que os soldados recuperaram o corpo de Josefino Estaniel, pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, de uma sepultura rasa na aldeia de Dalagdag, distrito de Calinan, em Davao City, num lugar conhecido pela dominação dos rebeldes do NPA.O Exército do Povo é um braço armado do Partido Comunista das Filipinas (CPP).Kurt Decapia disse que informantes civis conduziram as forças de segurança até a sepultura do ministro de 45 anos. Ele disse que Estaniel foi seqüestrado por insurgentes em maio, por ordens do líder da NPA Leôncio Pitao, também conhecido como “chefe Parago”.O corpo do pastor Josefino Estaniel, já em decomposição, foi exumado a dois quilômetros de distância da casa de Edwin Tangud, local onde o grupo o executou.De acordo com relatório de campo inicial, a vítima foi torturada antes de ser executada e enterrada.O general Fogy Leo Fojas, chefe da 10ª Divisão de Infantaria do Exército filipino, condenou as atrocidades da NPA e a morte do ministro cristão.(Missão Portas Abertas)

Homossexual processa editoras de Bíblias

Deu no LifeSiteNews.com: Um homem homossexual perturbado com versículos da Bíblia que condenam o homossexualismo como pecado decidiu — em vez de processar Deus ou exigir indenização do Espírito Santo — perseguir duas editoras cristãs por suas versões da Bíblia, as quais ele diz violam seus direitos constitucionais e lhe causam sofrimento emocional e instabilidade mental.

Bradley LaShawn Fowler de Canton, Michigan, entrou com uma ação num tribunal regional de Michigan em 7 de julho contra a Editora Zondervan buscando uma indenização de 60 milhões de dólares. Fowler também entrou com outra ação no começo de junho buscando uma indenização de 10 milhões de dólares da Editora Thomas Nelson, com sede em Nashville, Tennessee.Fowler está representando a si mesmo em ambos os casos.

O juiz Julian Abele Cook Jr. negou-se a aceitar o pedido de Fowler para que um advogado nomeado pelo tribunal o representasse no caso da Thomas Nelson, dizendo: "O tribunal tem algumas preocupações legítimas acerca da natureza e eficácia dessas queixas."Fowler, de 39 anos, culpa as referências ao homossexualismo como pecado na Bíblia da Zondervan por seu relacionamento precário com sua família, seus próprios períodos de "desmoralização, caos e confusão", e até mesmo a morte do homossexual Matthew Shepard. Shepard foi brutalmente assassinado em 1998 num crime que foi amplamente noticiado como sendo motivado pela homossexualidade de Shepard, embora uma notícia da rede ABC em 2004 tenha mostrado evidência contrária a essa alegação.

Fowler disse que ele foi criado com uma educação religiosa que ensinou a ele que a homossexualidade é um estilo de vida de pecado. "É por isso que fiquei completamente perturbado depois de descobrir que o termo homossexual foi adicionado à bíblia em 1982, e então removido em 1994 sem consideração alguma às muitas vítimas que cometeram suicídio ou foram assassinadas por causa de sua preferência sexual de homossexualidade", escreveu ele em seu blog "Bradley-Almighty" [Bradley-Todopoderoso].Ele continua: "Lamentavelmente, porém, a editora que iniciou a guerra mental contra os homossexuais jamais tentou pedir perdão a Matthew Shepard ou a ninguém mais que perdeu a vida, por causa de suas tendências maliciosas e rigorosas."

Fowler diz que as editoras de Bíblias são parte de uma vasta conspiração que planeja documentos sagrados para fazer com que "eu e outros que são homossexuais soframos abusos verbais, discriminação, episódios de ódio e violência física, inclusive assassinatos". Fowler diz que ele está muitíssimo descontente porque a Editora Zondervan usa a palavra "homossexual" em vez de utilizar outras palavras que indicam a mesma coisa. Em seus blog, Fowler explica que na edição de 1964 da Bíblia, a palavra usada em 1 Coríntios 6, versículo 9, era "efeminados", onde a passagem dizia: "Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas…" (1Co 6:9-10).Na edição de 1982 a palavra "efeminados" foi traduzida como "homossexuais", enquanto na versão de 1987 foi traduzida "aqueles que participam de conduta homossexual". Mas a edição de 1994, diz Fowler, de novo denuncia "efeminados" e "sodomitas".Fowler então pergunta a seus leitores: "Qual dessas versões é verdadeira? Qual não é?" Ele então continua a dizer que a editora deveria ter publicado um aviso acerca da mudança de termos. Ele alega que a mudança está provocando violência contra os homossexuais.

O processo também pode servir como campanha publicitária para a sabedoria bíblica que o próprio Fowler afirma ter. Ele está estreando o livro 365 Razões para Estudar a Bíblia. Um anúncio diz que o livro é "compilado com extensas pesquisas coletadas para um processo civil contra uma das maiores e mais respeitas editoras de Bíblias dos EUA", e outro anúncio diz que o livro leva o leitor "numa viagem pelo tempo… lentamente expondo segredos escondidos que as editoras de Bíblias lutam febrilmente para manter ocultos do público geral há séculos. Uma avalanche de segredos que estão mantendo escravizados milhões de pessoas no mundo hoje".Um porta-voz da Editora Zondervan disse ao canal de TV WOOD em Grand Rapids que a editora não traduz Bíblias nem possui o direito autoral, mas confia na opinião acadêmica de confiáveis comitês de tradução.

(Traduzido e adaptado por Julio Severo: http://www.juliosevero.com/)

Nota: A Bíblia tem levados milhões da ruína para a vida, tem livrado muitas pessoas da morte; não devemos lutar com aquilo que nos faz bem, devemos amar.

terça-feira, 15 de julho de 2008

PARÁBOLA DA GRANDE CEIA - LUCAS 14


16 Então Jesus lhe disse: Um homem fez um grande jantar, e convidou a muitos.
17 E à hora do jantar enviou a seu servo a dizer aos convidados: Vinde, que já todo está preparado.
18 E todos a uma começaram a escusar-se. O primeiro disse: Comprei uma fazenda, e preciso ir vê-la; rogo-te que me escuses.
19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou prová-los; rogo-te que me escuses.
20 E outro disse: Acabo de casar-me, e por tanto não posso ir.
21 Voltado o servo, comunicou estas coisas a seu senhor. Então enojado o pai de família, disse a seu servo: Vê cedo pelas vagas e as ruas da cidade, e traz cá aos pobres, os mancos, os coxos e os cegos.
22 E disse o servo: Senhor, fez-se como mandaste, e ainda há lugar.
23 Disse o senhor ao servo: Vê pelos caminhos e pelos valados, e força-os a entrar, para que se encha minha casa.
24 Porque vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados, agradará meu jantar.


Comentário Bíblico:

16.
Um grande jantar.
[Parábola do grande jantar, Luc. 14: 16-24. Cf com. Mat. 22: 1-14. Com referência às parábolas, ver pp. 193-197.] Jesús descreve aqui as abundantes bênçãos do reino dos céus mediante o símbolo de um grande banquete, símbolo que evidentemente era comum para seus ouvintes (ver com. vers. 15). Não contradiz a veracidade da declaração do fariseo (vers. 15), mas si põe em dúvida a sinceridade do que a fez. O fariseo era, em realidade, um dos que nesse mesmo momento estavam recusando o convite evangélico (ver com. vers. 18, 24).
Há muitas similitudes entre esta parábola e a da festa de casamentos do filho do rei (Mat. 22: 1- 14), mas também há muitas diferenças; e são também muito diferentes as circunstâncias nas quais foram pronunciadas. Esta parábola foi apresentada na casa de um fariseo, enquanto a de Mat. 22 foi pronunciada num momento em que tentavam apresar a Jesús (Mat. 21: 46).
Convidó a muitos.
Este primeiro convite à festa evangélica, foi a que estendeu aos judeus através de todo o AT (ver t. IV, pp. 28-34). Refere-se especificamente aos repetidos apelos de Deus a Israel, feitos por meio dos antigos profetas (ver com. vers. 21-23).
17.
Enviou a seu servo.
Pode considerar-se que Jesús era, num sentido especial, o "servo" enviado a anunciar: "todo está preparado". Evidentemente se acostumava que o anfitrião enviasse um servo quando a festa estava por começar, para recordar aos convidados seu convite. Segundo Tristram (Eastern Customs, p. 82), o mesmo se fazia em seu tempo (1822-1906). Se o convidado se tinha esquecido ou não sabia quando devia ir à festa, este recordativo lhe permitiria preparar-se e chegar a tempo. No ambiente do Próximo Oriente, onde ainda hoje a hora não tem tanta importância como no mundo ocidental, esse recordativo servia para evitar possíveis desgostos tanto ao convidado como ao anfitrião.
18.
Todos a uma.
Dá a impressão de que os convidados se tivessem posto de acordo para desprezar a seu amável anfitrião. Por suposto, foram mais de três os convidados à festa (vers. 16); mas parece que Jesús enumerou estas três desculpas como exemplo do que o servo ouviu onde quer ia. Há um exemplo similar (cap. 19: 16-21) no qual se apresentam vários casos e no que há mais de três pessoas envolvidas.
Começaram.
Cada convidado apresentou seu próprio pretexto, mas nenhum tinha uma razão aceitável; em cada caso, a verdadeira razão era, indubitavelmente, que o convidado tinha mais interesse em alguma outra coisa que teria do que pospor se assistia à festa. As desculpas também denotavam falta de apreço pela hospitalidade e a amizade do que dava a festa. Os que recusaram o convite à festa evangélica lhe davam mais valor aos interesses temporários que às coisas eternas (Mat. 6: 33).
Em muitos países se considera que recusar um convite -salvo quando é realmente impossível aceitá-la- é desprezar a amizade que se oferece (ver com. vers. 17).
Comprei uma fazenda.
Este pretexto, ainda que fosse verdadeiro, era uma débil desculpa, pois já tinha comprado a fazenda. Não há dúvida de que o comprador tinha examinado cuidadosamente o campo antes de fechar o negócio.
19.
Cinco yuntas de bois.
Neste caso também já se tinha feito a compra. O comprador só desejaria assegurar-se de que realmente tinha feito um bom negócio, e bem poderia ter postergado essa comprovação se deveras desejava assistir à festa.
20.
Não posso ir.
O que apresentou a terceira desculpa parece que foi mais descortés do que os outros.
Aqueles, com aparente cortesia, tinham pedido desculpas por não ir; mas este 789 simplesmente disse que não podia ir. Alguns sugerem que esta negativa se baseava no fato de que a um homem se lhe concediam certas isenções dos deveres civis e militares durante o primeiro ano de vida matrimonial (ver com.
Deut. 24: 5), e que portanto disse: "Não posso ir". No entanto, essas isenções não o eximiam das relações sociais normais, e qualquer tentativa por ficar eximido não era mais do que um falso pretexto. A desculpa deste terceiro convidado não tinha realmente maior valor do que a dos dois primeiros.
21.
Enojado.
Enquanto o servo enumerava, uma depois de outra, as débeis desculpas, o amável anfitrião montou em cólera. Num primeiro momento todos tinham aceitado seu convite e, devido a essa aceitação, tinha feito os preparativos para a festa. Mas agora que se tinham feito todos os preparativos e o jantar estava lista, parecia ter uma conspiração para envergonhá-lo (ver com. vers. 18).
Ademais, tinha feito gastos consideráveis para preparar a festa.
Deus, que prepara a festa celestial, sem dúvida não se enoja como os seres humanos. No entanto, com tudo o que fez para proporcionar à perdida humanidade as bênçãos da salvação, seu amante coração deve sentir-se muito triste quando os homens dão pouca importância a seu amável convite para participar da justiça divina e do favor celestial. Todos os recursos do céu foram investidos na obra da salvação, e o menos do que podem fazer os seres humanos é apreciar e aceitar o que Deus proporcionou.
Vê cedo.
É evidente que o invitador não deseja ver que seus custosos comestíveis se percam. Se seus melhores amigos decidem não aceitar a demonstração de sua boa vontade, de boa vontade convidará a desconhecidos para que a recebam. Note-se também que sua ação harmoniza com o conselho dado por Jesús imediatamente antes de apresentar esta parábola (vers. 12-14), conselho que não foi bem recebido pelos convidados à festa na qual Jesús se achava e que impulsionou a um deles a mudar o tema da conversa (ver com. vers. 15).
As vagas e as ruas.
O convite evangélico foi primeiro dada ao povo judeu, representado aqui como habitantes de uma "cidade". Os principais cidadãos, que tinham desprezado o convite, eram os dirigentes judeus, alguns dos quais estavam nesse momento reunidos com Jesús numa festa em casa de um fariseo (ver com. vers. 1). Os convidados que desprezaram o convite representavam à aristocracia religiosa de Israel. Depois desta rejeição, o amável anfitrião se afastou de seus amigos preferidos para os desconhecidos da "cidade", os membros desamparados e algumas vezes desprezados da sociedade. Residiam na mesma "cidade" dos convidados, e portanto eram judeus; mas alguns deles eram publicanos e pecadores, homens e mulheres a quem os aristocratas da nação consideravam como parias. No entanto, tinham fome e sede do Evangelho (ver com. Mat. 5: 6).
Os pobres, os mancos.
Os judeus supunham comummente que quem sofriam dificuldades financeiras ou corporais não gozavam do favor de Deus; e portanto, essas pessoas muitas vezes eram desprezadas e descuidadas por seus próximos (ver com. Mar. 1: 40; 2: 10). Supunha-se que Deus as tinha eliminado e por isso a sociedade também as considerava como parias. Jesús nega nesta parábola que devastes pessoas eram desprezadas por Deus, e afirmou que não deviam ser desprezadas por seus próximos, nem ainda que seus sofrimentos pudessem dever-se a seu próprio pecado ou conduta imprudente. Os afligidos pela pobreza e por deficiências físicas parecem representar aqui principalmente aos que estão em bancarrota moral e espiritual. Não têm boas obras próprias que oferecer a Deus a mudança das bênçãos da salvação.
22.
Ainda há lugar.
O servo se deu conta de que o amável anfitrião sem dúvida desejava que fossem ocupados todos os lugares de seu banquete; e o mesmo ocorre no caso da grande festa evangélica. Deus não criou a terra "em vão" (ver com. Isa. 45: 18), como um deserto vazio, senão que a criou para que fosse habitada como eterno lar de uma raça humana feliz. O pecado postergou por um tempo o cumprimento desse propósito, mas finalmente se atingirá (PP 53). A cada indivíduo que nasce neste mundo se lhe oferece a oportunidade de participar na festa evangélica e de viver para sempre na terra renovada. Esta parábola ensina claramente que a oportunidade que recusa um será aceitada imediatamente por outro (cf. Apoc. 3: 11).
23.
Os caminhos... e os valados.
Os primeiros convidados à festa evangélica foram os judeus (ver com. vers. 16, 21). Deus os chamou 790 primeiro, não porque os amasse mais do que aos outros homens nem porque fossem mais dignos, senão para que compartilhassem com outros os sagrados privilégios que lhes tinham sido encomendados (ver t. IV, pp. 27-40).
Jesús se relacionou muitas vezes com publicanos e pecadores, os parias da sociedade, para consternação dos dirigentes judeus (ver com. Mar. 2: 15-17). Durante seu ministério em Galilea trabalhou fervorosamente em favor dos que espiritualmente eram pobres e defeituosos, "pelos caminhos e pelos valados" de Galilea (ver com. Luc. 14: 21). Mas quando a gente de Galilea o recusou na primavera (março-maio) do ano 30 d. C. (ver com. Mat. 15: 21; Juan 6: 66), Jesús ministró em repetidas ocasiões a gentis e a samaritanos como também a judeus (ver com. Mat. 15: 21). No entanto, o convite evangélico para os que estavam "pelos caminhos e pelos valados" se refere em primeiro lugar à apresentação do convite do Evangelho aos gentis depois que a nação judia recusou finalmente o convite evangélico, rejeição que culminou com o apedreamiento de Esteban (ver t. IV, pp. 35-38; Hech. 1: 8). "Os caminhos e os valados" da parábola estavam fora da "cidade", e portanto representam apropriadamente as regiões que não eram judias, isto é, os pagões (ver com. Luc. 14: 21). Quando os apóstolos encontraram que seus compatriotas se lhes #oponer<3> em sua evangelização ao mundo, voltaram-se aos gentis (Hech. 13: 46-48; cf. Rom. 1: 16; 2: 9).
Força-os.
Gr. anagkázÇ, "obrigar", "impor", já seja por força ou por persuasão.
Alguns entenderam que esta afirmação justifica o uso da força para converter aos homens a Cristo; mas o fato de que Jesús mesmo nunca recorresse ao uso da força para obrigar aos homens a acreditar em ele, e que nunca ensinou a seus discípulos a que assim o fizessem, e que a igreja apostólica também não o fez, demonstra que Jesús não queria que suas palavras se interpretassem assim. Jesús ensinou muitas vezes a seus discípulos, por preceito e por exemplo, que evitassem controvérsias e represálias pelas injúrias que recebessem (ver com. Mat. 5: 43-47; 6: 14-15; 7: 1-5, 12; etc.), já fosse como indivíduos ou como heraldos autorizados do Evangelho (ver com. Mat. 10: 14; 15: 21; 16: 13; 26: 51-52; Luc. 9: 55). Os discípulos não só não deviam perseguir a outros (Luc. 9: 54- 56), senão que deviam suportar a perseguição com mansedumbre (ver com. Mat. 5: 10-12; 10: 18- 24, 28).
Com a frase "força-os a entrar" Jesús singelamente quis destacar a urgência do convite e a força apremiante da graça divina; portanto, a bondade e o amor deviam ser a força motriz (PVGM 186-187). O verbo anagkázÇ se emprega com um sentido similar quando Jesús "fez a seus discípulos entrar na barca" (Mat. 14: 22). Existe uma enorme diferença entre o constante convite à que Jesús se referia, e recorrer à força física que muitos chamados cristãos em séculos passados consideraram uma medida apropriada, e que alguns que invocam o nome de Cristo empregariam hoje se tivessem poder para fazê-lo.
A parábola mesma prova que em nenhum momento se recorreu à violência para conseguir convidados à festa. Se o invitador tivesse querido utilizar a força a teria usado com o primeiro grupo de convidados. Os convites à festa evangélica sempre estão precedidas das palavras "o que queira" (Apoc. 22: 17). Esta parábola não sanciona de nenhum modo a teoria de que a perseguição religiosa é um meio para levar aos homens a Cristo. O uso da força ou da perseguição em assuntos religiosos, em qualquer forma ou quantidade é uma política inspirada por Satanás e não por Cristo.
Encha-se minha casa.
Ver com. vers. 22. O dono de casa tinha convidado a muitos (vers. 16); e, ademais, quando o servo saiu pelas vagas e as ruas da cidade não pôde encontrar suficientes pessoas para encher a sala de festa (vers. 22).
24.
Nenhum daqueles.
O anfitrião da parábola é quem faz a enérgica declaração de que serão excluídos todos os que originalmente foram convidados. Mas isto não significa que o céu exclui arbitrariamente a ninguém. O amável anfitrião simplesmente anula seu convite original, que tinha sido tão rudamente recusada.
Evidentemente sua casa agora estava cheia (vers. 23), e não tinha mais lugar.
Mas no reino dos céus sempre terá amplo lugar para todos os que queiram entrar (ver com. vers. 22).
Jesús não ensinou por meio desta parábola que as riquezas terrenais são necessariamente incompatíveis com o reino dos céus, senão que o desmedido afeto pelos bens terrenais desqualifica a uma pessoa para entrar no céu; em verdade, øpriva-a do desejo 791 das coisas celestiais. Uma pessoa não pode servir a "dois senhores" (ver com. Mat. 6: 19-24). Quem dedicam seus primeiros e melhores esforços para acumular posses terrenais e gozar dos prazeres mundanos, ficarão fora porque o anseio de seu coração está centrado nas coisas terrenais e não nas celestiais (cf. Mat. 6: 25-34). Cobiçar as coisas terrenais finalmente mata o desejo pelas coisas celestiais (ver com. Luc. 12: 15-21); e quando se lhe pede aos cobiçosos que compartilhem sua riqueza acumulada, marcham-se tristes (ver com. Mat. 19: 21-22).
"Dificilmente entrará um rico no reino dos céus" (Mat. 19: 23), pela singela razão de que geralmente não tem suficiente desejo de entrar ali.
Agradará meu jantar.
Nó agradariam do jantar nem ainda que mudassem de parecer. A salvação consiste no convite que Deus estende e a aceitação do homem. Ambas se complementam. Nenhuma das duas pode ser efetiva sem a outra. As Escrituras apresentam repetidas vezes a possibilidade de que quem tenham desprezado a graça de Deus, quiçá pareçam mudar de opinião quando já é demasiado tarde; isto é, quando já não se ouve mais o convite evangélico Ver. 8:20; Mat. 25: 11-12; Luc. 13: 25). Este convite finalmente conclui, não porque se tenha traspuesto algum prazo fixado pela misericórdia de Deus senão porque os excluídos já chegaram a uma decisão final e definitiva. Se mais tarde mudassem de parecer, se deveria nada mais a seu entendimento de do que elegeram mal no que diz respeito aos resultados finais, mas não a que repentinamente tenham sentido um sincero desejo de viver obedecendo a Deus.


segunda-feira, 7 de julho de 2008

Parábolas de Jesus: o bom samaritano


"Quem é o meu próximo?" Essa questão suscitava discussão entre os judeus. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37), Cristo respondeu. Mostrou que nosso próximo não é apenas alguém da mesma religião a que pertencemos ou alguém de nossa família, amigos ou alguém que admiramos. Não tem a ver com nacionalidade, cor, credo ou distinção de classe. Nosso próximo é toda pessoa que precisa da nossa ajuda. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus.
Na história do bom samaritano, Jesus ensina a natureza da verdadeira religião. Mostra que a verdadeira religião consiste não em sistemas, credos ou cerimônias, mas no cumprimento de atos de amor para com os outros.

Lucas 10:25: "E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?"

Lucas 10:26: "Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?"

A pergunta feita a Jesus por um “doutor da lei” deixa claro nas entrelinhas que havia segundas intenções. O judeu tinha consciência de que ele próprio não tratava igualmente todas as pessoas com amor. E essa era uma realidade entre os israelitas. Então, pergunta: “Que farei?”

Essa pergunta revela um conceito de salvação totalmente equivocado. Para ele, como para a maioria dos judeus do seu tempo, a salvação era obtida por meio de obras. Não havia entendimento da graça divina. Ocorre que, sendo um especialista em leis, o doutor conhecia bem a resposta à sua pergunta. Mas como sustentava a crença de que os pagãos e os samaritanos não deviam ser considerados como “próximos”, na realidade sua pergunta era: “Qual dos israelitas é o meu próximo?”

Jesus aproveitou a pergunta capciosa para abordar essa questão fundamental. Os fariseus tinham sugerido essa pergunta ao doutor da lei “com o intuito de pôr Jesus à prova”. Mas Jesus não entrou em discussão, como pretendiam. Respondeu à pergunta com outra pergunta: "Que está escrito na lei?", fazendo com que o próprio doutor respondesse.

Lucas 10:27: "A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo."

Lucas 10:28: "Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás."

Em sua resposta, o doutor não citou as cerimônias e rituais israelitas. A estes não deu importância. Preferiu dar maior relevância aos dois grandes princípios de que dependem toda a lei e os profetas. Ao concordar com a resposta do doutor da lei, Jesus ficou em posição vantajosa diante dos rabinos. Não podiam condená-Lo por confirmar aquilo que fora dito por um expositor da lei.

Em seus ensinos, Jesus sempre apresentava a unidade da lei divina, mostrando que é impossível guardar um preceito e violar outro; porque é o mesmo princípio que sustenta toda a lei. O amor a Deus e o amor ao próximo são os dois princípios em que se resumem os Dez Mandamentos. É impossível guardar os quatro primeiros mandamentos sem amar a Deus, assim como é impossível guardar os outros seis sem amar ao próximo. E o amor é o princípio em que se baseia toda a lei.

Cristo sabia que ninguém poderia cumprir a lei por sua própria força. Por isso, pretendia induzir o doutor da lei a um estudo mais esclarecido e minucioso para que achasse a verdade. Somente aceitando a graça de Cristo podemos observar a lei. A fé na propiciação pelo pecado habilita o homem caído a amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.

O doutor sabia que não conseguia guardar completamente os dez mandamentos. Foi conscientizado disso pelas palavras de Jesus. Mas em vez de confessar o seu pecado, procurou justificar-se. Em vez de reconhecer a verdade, tentou mostrar como é difícil cumprir os mandamentos. Desse modo esperava justificar-se aos olhos do povo. As palavras de Jesus lhe mostraram que ele mesmo sabia a resposta para a pergunta que havia feito.

Lucas 10:29: "Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?"

Fugindo da controvérsia para a qual os fariseus pretendiam arrastá-Lo, Jesus respondeu a essa importante pergunta com uma parábola. Não denunciou a hipocrisia dos que O estavam espreitando para O condenar. Mas, mediante uma singela história, apresentou aos ouvintes a natureza do verdadeiro amor, de tal forma que tocou o coração de todos e arrancou do doutor da lei a confissão da verdade. O meio de dissipar as trevas é admitir a luz. O melhor meio de tratar com o erro é apresentar a verdade. É a manifestação do amor de Deus que torna evidente o pecado do coração concentrado em si mesmo.

Lucas 10:30: "Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto."

Lucas 10:31: "Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo."

Lucas 10:32: "Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo."

O que Jesus descreveu não era uma cena imaginária, mas uma ocorrência verídica que ocorria com muita freqüência naqueles dias. O sacerdote e o levita, que estavam passando pelo local e não pararam para socorrer o ferido, encontravam-se entre o grupo que estava escutando atentamente as palavras de Cristo.

Como Jerusalém está a 800 metros acima do nível do mar e Jericó a 400 abaixo, a estrada é bem acidentada. Em menos de 30 quilômetros, ela desce 1.200 metros. Além disso, os muitos despenhadeiros e passagens estreitas facilitavam o ataque de bandidos que ficavam espreitando suas vítimas. Por isso, segundo a parábola, naquele lugar o viajante foi atacado, roubado, ferido e machucado, sendo deixado meio-morto à beira do caminho.

Estando nessas condições, um sacerdote passou por aquele caminho, viu o homem ferido, mas não lhe prestou socorro. Apareceu em seguida um levita. Curioso de saber o que acontecera, observou a vítima quase morta. Sentiu a convicção do que devia fazer, mas não era uma tarefa fácil. Desejou não ter ido por aquele caminho, de modo que não visse o ferido. Convenceu-se de que nada tinha com o caso e também seguiu o seu caminho. Ambos, tanto o sacerdote como o levita, ocupavam postos sagrados e professavam expor as Escrituras. Pertenciam à classe especialmente escolhida para servir de representantes de Deus perante o povo.

Na conduta dos dois, não viu o doutor da lei coisa alguma contrária ao que lhe fora ensinado sobre as reivindicações da lei. Aliás, para ele, esses homens tinham razões legítimas para recusar-se a ajudar o ferido. Eles podiam estar a caminho de algum serviço religioso, ou talvez estivessem preocupados com o perigo de ficar impuros (Lv 21:1-3; Nm 19:11-22) e ter que passar por rituais de purificação (o que, algumas vezes, tomava vários dias). E havia também a questão da segurança pessoal. Então, Jesus introduz na história uma nova cena.

Lucas 10:33: "Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele."

Lucas 10:34: "E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele."

Lucas 10:35: "No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar."

Os judeus eram inimigos dos samaritanos. Desde os dias de Esdras, os samaritanos foram misturados com os pagãos, durante as conquistas da Assíria e Babilônia (2 Reis 17:24-41). Os samaritanos ergueram um templo rival no Monte Gerizim e passaram a aceitar apenas os primeiros livros da Bíblia. Por tudo isso, os hebreus encaravam a religião dos samaritanos como impura.

Entretanto, um samaritano que viajava pela mesma estrada viu a vítima e fez o que os outros não fizeram: com carinho e amabilidade tratou do ferido. Não indagou se o estranho era judeu ou gentio. Fosse ele judeu, bem sabia o samaritano que, invertidas as posições, o homem lhe cuspiria no rosto e passaria desdenhosamente. Mas nem por isso hesitou. Não considerou que ele próprio se achava em perigo de assalto, se demorasse naquele local. Bastou-lhe o fato de estar ali uma criatura humana em necessidade e sofrimento.

Tirou o próprio vestuário para cobri-lo. O óleo e o vinho, provisão para sua viagem, empregou-os para curar e refrigerar o ferido. Colocou-o em sua cavalgadura e pôs-se a caminho devagar, a passo brando, de modo que o estranho não fosse sacudido. Conduziu-o a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite. Pela manhã, como o doente houvesse melhorado, o samaritano decidiu seguir viagem, não sem antes se certificar de que o ferido receberia os cuidados e a atenção do hospedeiro. Pagou as despesas e ainda deixou uma reserva para qualquer necessidade eventual. O fato de o samaritano estar viajando por um território estrangeiro torna seu ato de misericórdia mais notável ainda.

Dando essa lição, Jesus apresentou os princípios da lei de maneira direta e incisiva, mostrando aos ouvintes que o sacerdote e o levita tinham negligenciado a prática desses princípios. Suas palavras eram tão definidas e acertadas que os ouvintes não podiam contestá-las. O doutor da lei não encontrou na lição nada que pudesse criticar. O samaritano cumprira o mandamento: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", mostrando assim ser mais justo do que os que o condenavam.

Muitos olham com indiferença e desdém para aqueles que arruinaram seu corpo. Outros desprezam os pobres por diferentes motivos. Ainda assim, pensam estar trabalhando na causa de Cristo em empreendimentos de maior valor. Sentem que estão fazendo grande obra e não podem por isso se deter em cuidar das dificuldades do necessitado e do infeliz. Apesar disso, imaginam estar se dedicando a uma suposta grande obra. Acham que sua negligência é justificável, porque estão promovendo a causa de Cristo de outra forma.

Muitos se denominam cristãos, mas isso quase nada vale. Podemos professar ser seguidores de Cristo; podemos professar crer em todas as verdades da Palavra de Deus; mas isto não fará bem ao nosso próximo, a não ser que essa crença possa ser vista em nossa vida diária. Um exemplo correto fará mais benefício ao mundo que qualquer profissão de fé. A religião do evangelho é Cristo na vida. É o amor de Cristo revelado no caráter e expresso em boas obras.

Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o coração se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do Santo Espírito de Deus.

Se um doente espiritual necessita de amparo, como nós mesmos certamente também, em algum momento, já necessitamos, muito pode contribuir a experiência de alguém que fora tão fraco quanto ele, de alguém capaz de entendê-lo e ajudá-lo. O conhecimento da nossa própria debilidade contribui para que possamos ajudar a outros que estejam em necessidade.

Deus permite que tenhamos contato com o sofrimento para nos tirar do egoísmo e desenvolver em nós o atributo do Seu caráter: o amor. Através dessa abençoada experiência diária, aprenderemos tudo que está encerrado na pergunta: "Quem é o meu próximo?"

Lucas 10:36: "Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?"

Lucas 10:37: "Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo."

Concluída a história, Jesus fixou o doutor da lei com um olhar que lhe parecia ler a alma, e disse: "Qual dos três foi o próximo do homem ferido?” O doutor mesmo assim evitou mencionar o nome samaritano, e respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus disse: "Vai, e procede da mesma maneira."

A parábola do bom samaritano tem nos ajudado a entender que temos de ajudar as pessoas que são vítimas de circunstâncias que estão além do seu controle, tanto quanto as que entram em problemas por causa de si mesmas, e que nossa ajuda têm de ser prática, não apenas a demonstração de um sentimento. A verdadeira compaixão se traduz em atos de bondade. Só quem ama a Deus, ama ao próximo (Lv 19:18; Dt 6:5).

Afinal, quem é o meu próximo? A resposta correta é: “Qualquer pessoa que precise de minha ajuda.”

OS ATOS DO BOM SAMARITANO:

1. O odiado samaritano logo reparou que o ferido era judeu; alguém que odiava sua raça; alguém de outra religião; alguém que certamente jamais o ajudaria, se as posições estivessem invertidas.

2. Mas isso não importava, quem estava ali precisando desesperadamente de ajuda era um ser humano.

3. Arriscou sua vida por ele.

4. Vendo-o, sentiu compaixão por ele. Tudo o mais foi apenas o resultado da misericórdia.

5. Tratou do ferido disponibilizando, para tanto, os seus próprios recursos.

6. Usou parte do alimento que trazia consigo para a viagem: o vinho para limpar as feridas e o azeite para suavizar a dor.

7. Depois, colocou-o (esforço) sobre o animal (patrimônio) e ele próprio foi a pé (sacrifício).

8. Chegando a uma hospedaria, cuidou dele durante a noite (tempo).

9. Deu dois denários (oferta à causa de Deus) ao hospedeiro.

CRISTO, O BOM SAMARITANO

1. O judeu ferido, caído, despojado e incapaz de ajudar a si mesmo, ilustra nossa condição como pecadores.

2. Nós também fomos atacados pelas forças do mal.

3. Quando nos viu à beira da morte, Cristo não passou direto; arriscou Sua vida para nos salvar, mesmo embora fôssemos Seus inimigos.

4. Deus não tinha obrigação de resgatar o homem caído. Ele podia ter passado pelos pecadores assim como o sacerdote e o levita fizeram em relação ao homem ferido.

5. O samaritano deu o seu vinho para que as feridas fossem limpas e o Senhor Jesus nos concedeu Seu precioso sangue para nos lavar de todo o pecado.

6. O samaritano deu o seu azeite para aliviar a dor e o Senhor Jesus nos ofereceu o Santo Espírito para nos consolar e capacitar a viver uma vida justa num mundo injusto.

7. Em Sua missão de salvar o ferido, o samaritano deu o seu tempo e o Senhor Jesus nos concedeu 33 anos de uma vida perfeita.

8. O samaritano fez tudo quanto estava ao seu alcance, dispondo de seu dinheiro e o Senhor Jesus deu tudo quanto possuía; deu todo o Céu para restaurar no homem a imagem de Deus.

Esta parábola descreve a bondade e o amor que nosso Salvador tem para com o homem caído e infeliz. Nós éramos como esse pobre, aflito viajante. Satanás, nosso inimigo, havia nos assaltado, despojado, ferido. Estávamos por natureza mais que semimortos em nossos delitos e pecados; completamente incapazes de nos salvar, pois não tínhamos forças. A lei de Moisés, como o sacerdote e o levita, não tem compaixão de nós, não nos oferece alívio, passa ao largo, não tendo piedade nem poder para nos ajudar. Mas eis que veio o abençoado Jesus, o Bom Samaritano. Ele teve compaixão de nós; Ele cuidou das nossas feridas; Ele derramou sobre elas não azeite e vinho, mas o Seu próprio sangue.

As pessoas que se relacionaram com o homem ferido podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a sua filosofia de vida:

COBIÇA (os assaltantes) – “O que é meu, é meu; e o que é seu, será meu, se eu conseguir tomar de você.” Essa é a filosofia de muita gente. Milhões vivem uma vida de egoísmo e ganância.

INDIFERENÇA (o sacerdote e o levita) – “O que é meu, é meu; e o que é seu continuará a ser seu, se você puder defendê-lo.” Essa é a filosofia de alguns religiosos que são indiferentes à dor e ao sofrimento alheios.

AMOR (o bom samaritano) – “O que é seu, é seu; e o que é meu será seu, se você precisar.” O meu vinho, o meu azeite, o meu animal, o meu dinheiro, a minha energia e o meu tempo serão seus, se você precisar. As oportunidades de ajudar aos outros geralmente são inesperadas e inconvenientes.

Qual tem sido a nossa filosofia de vida? A dos assaltantes, a do sacerdote e do levita, ou a do bom samaritano? O que caracteriza o nosso relacionamento com o próximo? A cobiça, a indiferença ou o amor?

(Texto da jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Espiritualidade da Lei


"Não vim para revogar, vim para cumprir." Mat. 5:17.
Fora Cristo que, por entre trovões e relâmpagos, proclamara a lei no monte Sinai. A glória de Deus, qual fogo devorador, repousara no cimo do monte, e este tremera ante a presença do Senhor. O povo de Israel, prostrado em terra, havia escutado em temor os sagrados preceitos da lei. Que contraste com a cena sobre o monte das bem-aventuranças! Sob um firmamento estival, sem som algum a quebrar o silêncio senão o cântico dos pássaros, Jesus desenvolveu os princípios de Seu reino. Todavia Aquele, que naquele dia falava ao povo em acentos de amor, estava-lhes desvendando os princípios da lei proclamada no Sinai.
Ao ser dada a lei, Israel, degradado pela servidão no Egito, necessitara ser impressionado com o poder e a majestade de Deus; no entanto, Ele não menos Se lhes revelou como um Deus de amor.
"O Senhor veio de Sinai
E lhes subiu de Seir;
Resplandeceu desde o monte Parã
E veio com dez milhares de santos;
À Sua direita havia para eles o fogo da lei.
Na verdade, amas os povos;
Todos os Seus santos estão na Tua mão;
Postos serão no meio, entre os Teus pés,
Cada um receberá das Tuas palavras." Deut. 33:2 e 3.

Foi a Moisés que Deus revelou Sua glória naquelas admiráveis palavras que têm sido a acariciada herança dos séculos: "Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado." Êxo. 34:6 e 7.
A lei dada no Sinai era a enunciação do princípio do amor, a revelação, feita à Terra, da lei do Céu. Foi ordenada pela mão de um Mediador - proferida por Aquele por cujo poder o coração dos homens podia ser posto em harmonia com os seus princípios. Deus revelara o desígnio da lei, quando declarara a Israel: "Ser-Me-eis homens santos." Êxo. 22:31.
Mas Israel não percebera a natureza espiritual da lei, e com demasiada freqüência sua professada obediência não passava de uma observância de formas e cerimônias, em vez de ser uma entrega do coração à soberania do amor. Quando Jesus, em Seu caráter e Sua obra, apresentava aos homens os santos, generosos e paternais atributos de Deus, e lhes mostrava a inutilidade de meras formas cerimoniais de obediência, os guias judaicos não recebiam nem compreendiam Suas palavras. Achavam que Ele Se demorava muito ligeiramente nas exigências da lei; e quando lhes expunha as próprias verdades que constituíam a alma do serviço que lhes era divinamente indicado, eles, olhando apenas ao exterior, acusavam-nO de buscar derribá-la.
As palavras de Cristo, conquanto proferidas com serenidade, eram ditas com uma sinceridade e poder que moviam o coração do povo. Em vão apuravam o ouvido à espera de uma repetição das mortas tradições e rigores dos rabis. Eles se admiravam "da Sua doutrina, porquanto os ensinava com tendo autoridade e não como os escribas". Mat. 7:28 e 29. Os fariseus notavam a vasta diferença entre sua maneira de instruir e a de Cristo. Viam que a majestade, a pureza e beleza da verdade, com sua profunda e branda influência, estavam tomando posse de muitos espíritos. O divino amor do Salvador, Sua ternura, para Ele atraíam os homens. Os rabis viam que, por Seus ensinos, era reduzido a nada todo o teor das instruções por eles ministradas ao povo. Ele estava destruindo a parede divisória que tão lisonjeira era ao seu orgulho e exclusivismo; e temiam que, caso isso fosse permitido, deles afastasse inteiramente o povo. Seguiam-nO, portanto, com decidida hostilidade, esperando encontrar ocasião para fazê-Lo cair no desagrado das multidões, habilitando assim o Sinédrio a conseguir Sua condenação à morte.
No monte, Jesus estava de perto sendo observado por espias; e, ao desdobrar Ele os princípios da justiça, os fariseus fizeram com que se murmurasse que Seus ensinos estavam em oposição aos preceitos que Deus dera no Sinai. O Salvador nada dissera para abalar a fé na religião e nas instituições que haviam sido dadas por intermédio de Moisés; pois todo raio de luz que o grande guia de Israel comunicara a seu povo fora recebido de Cristo. Conquanto muitos digam em seu coração que Ele viera para anular a lei, Jesus com inequívoca linguagem revela Sua atitude para com os estatutos divinos. "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas." Mat. 5:17.

É o Criador dos homens, o Doador da lei, que declara não ser Seu desígnio pôr à margem os seus preceitos. Tudo na Natureza, desde a minúscula partícula de pó no raio de sol até os mundos; nas alturas, encontra-se debaixo de leis. E da obediência a essas leis dependem a ordem e a harmonia do mundo natural. Assim, há grandes princípios de justiça a reger a vida de todo ser inteligente, e da conformidade com esses princípios depende o bem-estar do Universo. Antes que a Terra fosse chamada à existência, já existia a lei de Deus. Os anjos são governados por Seus princípios, e para que a Terra esteja em harmonia com o Céu, também o homem deve obedecer aos divinos estatutos. No Éden, Cristo deu a conhecer ao homem os preceitos da lei "quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam". Jó 38:7. A missão de Cristo na Terra não era destruir a lei, mas, por Sua graça, levar novamente o homem à obediência de Seus preceitos.
O discípulo amado, que escutou as palavras de Jesus no monte, escrevendo muito depois sob a inspiração do Espírito Santo, fala da lei como de uma perpétua obrigação. Diz ele que o "pecado é o quebrantamento da lei", e que "todo aquele, que comete pecado, quebra também a lei". I João 3:4, Trad. Trinitariana. Ele torna claro que a lei a que se refere é "o mandamento antigo, que desde o princípio tivestes". I João 2:7. Ele fala da lei que existia na criação, e foi reiterada no Monte Sinai.
Falando da lei, Jesus disse: "Não vim para revogar, vim para cumprir." Mat. 5:17. Ele emprega aqui a palavra "cumprir" no mesmo sentido em que a usou quando declarou a João Batista Seu desígnio de "cumprir toda a justiça" (Mat. 3:15); isto é, atender plenamente à exigência da lei, dar um exemplo de perfeita conformidade com a vontade de Deus.
Sua missão era engrandecer a lei, e a tornar ilustre (ou gloriosa). (Isa. 42:21, Trad. Trinitariana.) Ele devia mostrar a natureza espiritual da lei, apresentar seus princípios de vasto alcance, e tornar clara sua eterna obrigatoriedade.
A divina beleza de caráter de Cristo, de quem o mais nobre e mais suave entre os homens não é senão um pálido reflexo; de quem Salomão, pelo Espírito de inspiração escreveu: "Ele traz a bandeira entre dez mil. ... Sim, Ele é totalmente desejável" (Cant. 5:10 e 16); de quem Davi, vendo-O em profética visão, disse: "Tu és mais formoso do que os filhos dos homens" (Sal. 45:2); Jesus, a expressa imagem da pessoa do Pai, o resplendor de Sua glória, o abnegado Redentor, através de Sua peregrinação de amor na Terra, foi uma viva representação do caráter da lei de Deus. Em Sua vida se manifesta que o amor de origem celeste, os princípios cristãos, fundamenta as leis de retidão eterna.
"Até que o céu e a Terra passem", disse Jesus, "nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido." Mat. 5:18. Por Sua própria obediência à lei; Cristo testificou do caráter imutável da mesma, e provou que, por meio de Sua graça, ela podia ser perfeitamente obedecida por todo filho e filha de Adão. Ele declarou no monte que nem o pequenino jota seria omitido da lei até que tudo se cumprisse - tudo quanto diz respeito à raça humana, tudo quanto se relaciona com o plano da redenção. Ele não ensina que a lei deva ser anulada, mas fixa o olhar no mais remoto horizonte humano, e assegura-nos de que até que esse ponto seja atingido, a lei conservará sua autoridade, de modo que ninguém julgue que Sua missão era abolir os preceitos da lei. Enquanto o céu e a Terra durarem, os santos princípios da santa lei de Deus permanecerão. Sua justiça, "como as grandes montanhas" (Sal. 36:6), continuará fonte de bênção, difundindo torrentes para refrigerar a Terra.
Visto a lei do Senhor ser perfeita, e portanto imutável, é impossível aos homens pecadores satisfazer, por si mesmos, a norma de sua exigência. Foi por isso que Jesus veio como nosso Redentor. Era Sua missão, mediante o tornar os homens participantes da natureza divina, pô-los em harmonia com os princípios da lei celestial. Quando abandonamos nossos pecados, e recebemos a Cristo como nosso Salvador, a lei é exaltada. Pergunta o apóstolo Paulo: "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei." Rom. 3:31.
A promessa do novo concerto é: "Porei as Minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos." Heb. 10:16. Conquanto o sistema de símbolos que apontava para Cristo como o Cordeiro de Deus que devia tirar o pecado do mundo havia de passar com Sua morte, os princípios de justiça contidos no Decálogo são tão imutáveis como o trono eterno. Nenhum mandamento foi anulado, nem um jota ou um til foi mudado. Os princípios que foram dados a conhecer ao homem no Paraíso como a grande lei da vida, existirão, imutáveis, no Paraíso restaurado. Quando o Éden volver a florir na Terra, a lei divina do amor será obedecida por todos debaixo do Sol.
"Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no Céu." Sal. 119:89. "São... fiéis, todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; são feitos em verdade e retidão." Sal. 111:7 e 8. "Acerca dos Teus testemunhos eu soube, desde a antiguidade, que Tu os fundaste para sempre." Sal. 119:152.
"Qualquer, ... que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no reino dos Céus." Mat. 5:19.
Isto é, não terá lugar ali. Pois aquele que voluntariamente violar um mandamento, não observa, em espírito e verdade, a nenhum deles. "Qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos." Tia. 2:10.
Não é a grandeza do ato de desobediência que constitui o pecado mas a discordância com a vontade expressa de Deus no mínimo particular; pois isto mostra que ainda existe comunhão entre a alma e o pecado. O coração está dividido em seu serviço. Há uma virtual negação de Deus, uma rebelião contra as leis de Seu governo.
Fossem os homens livres para se apartar das reivindicações do Senhor e estabelecer uma norma de dever para si mesmos, e haveria uma variação de normas para se adaptarem aos vários espíritos, e o governo seria tirado das mãos de Deus. A vontade do homem se tornaria suprema, e o alto e santo querer de Deus - Seu desígnio de amor para com Suas criaturas - seria desonrado, desrespeitado.
Sempre que os homens preferem seus próprios caminhos, põem-se em conflito com Deus. Eles não terão lugar no reino do Céu, pois se encontram em guerra com os próprios princípios do mesmo. Desconsiderando a vontade de Deus, estão-se colocando ao lado de Satanás, o inimigo do homem. Não por uma palavra, nem muitas palavras, mas por toda palavra que sai da boca de Deus viverá o homem. Não podemos desatender uma palavra, por mais insignificante que nos pareça, e estar seguros. Não há um mandamento da lei que não se destine ao bem e à felicidade do homem, tanto nesta vida como na futura. Na obediência à lei de Deus, o homem se acha circundado como por um muro, e protegido do mal. Aquele que, em um só ponto que seja, derruba essa barreira divinamente erigida, destruiu-lhe o poder para o guardar; pois abriu um caminho pelo qual o inimigo pode entrar, para estragar e arruinar.
Arriscando-se a desprezar a vontade de Deus em um ponto, abriram nossos primeiros pais as comportas da miséria sobre o mundo. E todo indivíduo que segue o seu exemplo ceifará idênticos resultados. O amor de Deus fundamenta cada preceito de Sua lei, e aquele que se afasta do mandamento está operando sua própria infelicidade e ruína.

"Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos Céus." Mat. 5:20.
Os escribas e fariseus tinham acusado não somente Cristo, mas também Seus discípulos por sua desconsideração para com os ritos e observâncias rabínicos. Muitas vezes tinham sido os discípulos deixados perplexos e perturbados pela censura e a acusação daqueles a quem tinham sido habituados a reverenciar como mestres religiosos. Jesus revelou o engano. Declarou que a justiça a que os fariseus davam tão grande valor, nada valia. A nação judaica pretendia ser o povo peculiar, leal, favorecido por Deus; mas Cristo apresentava sua religião como vazia de salvadora fé. Todas as suas pretensões de piedade, suas invenções e cerimônias humanas, e mesmo o cumprimento das exigências exteriores da lei, não os podiam tornar santos. Não eram puros de coração ou nobres e semelhantes a Cristo no caráter.
Uma religião legal é insuficiente para pôr a alma em harmonia com Deus. A dura, rígida ortodoxia dos fariseus, destituída de contrição, ternura ou amor, era apenas uma pedra de tropeço aos pecadores. Eles eram como o sal que se tornara insípido; pois sua influência não tinha poder algum para preservar o mundo da corrupção. A única fé verdadeira é aquela que "atua pelo amor" (Gál. 5:6), para purificar a alma. É como o fermento que transforma o caráter.
Tudo isto deviam os judeus ter aprendido dos ensinos dos profetas. Séculos antes, o grito da alma pedindo justificação com Deus encontrara expressão e resposta nas palavras do profeta Miquéias: "Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus altíssimo? Virei perante Ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o Senhor de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? ... Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?" Miq. 6:6-8.
O profeta Oséias indicara o que constitui a própria essência do farisaísmo, nas palavras: "Israel é uma videira estéril; dá fruto para si mesmo." Osé. 10:1, Trad. Trinitariana. Em seu professo serviço a Deus, os judeus estavam na verdade trabalhando para o próprio eu. Sua justiça era o fruto de seus próprios esforços para guardar a lei, segundo suas próprias idéias, e para seu benefício pessoal, egoísta. Daí o não poder ser ela melhor do que eles mesmos. Em seu esforço por se tornarem santos, procuravam tirar uma coisa pura de outra imunda. A lei de Deus é santa como Ele próprio é santo, perfeita como Ele é perfeito. Ela apresenta aos homens a justiça de Deus. Impossível é ao homem, de si mesmo, guardar essa lei; pois a natureza do homem é depravada, deformada, e inteiramente diversa do caráter de Deus. As obras do coração egoísta são como coisa imunda; e "todas as nossas justiças, como trapo da imundícia". Isa. 64:6.
Embora a lei seja santa, os judeus não podiam atingir a justiça por seus próprios esforços para guardar a lei. Os discípulos de Cristo precisam alcançar a justiça de um caráter diverso daquela dos fariseus, se querem entrar no reino do Céu. Em Seu Filho, Deus lhes oferecia a perfeita justiça da lei. Caso abrissem plenamente o coração para receber a Cristo, a própria vida de Deus, Seu amor, habitaria então neles, transformando-os à Sua própria semelhança; e assim, mediante o dom gratuito de Deus, haviam de possuir a justiça exigida pela lei. Mas os fariseus rejeitavam a Cristo; "não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça" (Rom. 10:3), não se submeteram à justiça divina.
Jesus Se pôs a mostrar a Seus ouvintes o que significa observar os mandamentos de Deus - que isso é uma reprodução, neles próprios, do caráter de Cristo. Pois nEle Se manifestava Deus diariamente aos olhos deles.
"Todo aquele que... se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento." Mat. 5:22.
O Senhor dissera por intermédio de Moisés: "Não aborrecerás a teu irmão no teu coração. ... Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo." Lev. 19:17 e 18. As verdades apresentadas por Cristo eram as mesmas que haviam sido ensinadas pelos profetas, mas haviam-se tornado obscuras através da dureza de coração e o amor do pecado.
As palavras do Salvador revelaram a Seus ouvintes que, ao passo que eles estavam condenando outros como transgressores, eram eles próprios igualmente culpados; pois acariciavam malícia e ódio.
De outro lado do mar, defronte do lugar em que se achavam reunidos, ficava a terra de Basã, uma região deserta, cujas selváticas gargantas e montes cobertos de vegetação, haviam sido desde há muito um terreno favorito de esconderijos para criminosos de toda espécie. Estavam vívidas na memória do povo notícias de roubos e assassínios ali cometidos, e muitos eram zelosos em acusar esses malfeitores. Ao mesmo tempo, eles próprios eram apaixonados e contenciosos; nutriam o mais terrível ódio contra seus opressores romanos, e sentiam-se em liberdade de odiar e desprezar todos os outros povos, e mesmo seus próprios patrícios que não concordavam em tudo com as suas idéias. Em tudo isto, violavam eles a lei que declara: "Não matarás." Êxo. 20:13.
O espírito de ódio e de vingança originou-se com Satanás; e isto o levou a fazer matar o Filho de Deus. Quem quer que acaricie a malícia ou a falta de bondade, está nutrindo o mesmo espírito; e seus frutos são para a morte. No pensamento de vingança jaz encoberta a má ação, da mesma maneira que a árvore está na semente. "Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna." I João 3:15.
"Qualquer que chamar a seu irmão de Raca [indivíduo vão] será réu do Sinédrio." Mat. 5:22. No dom de Seu Filho para nossa redenção, Deus mostrou quão alto valor dá Ele a toda alma humana, e não dá direito a homem algum de falar desprezivelmente de outro. Veremos faltas e fraquezas nos que nos rodeiam, mas Deus reivindica toda alma como Sua propriedade - Sua pela criação, e duplamente Sua como comprada com o precioso sangue de Cristo. Todos foram criados à Sua imagem, e mesmo os mais degradados devem ser tratados com respeito e ternura. Deus nos considerará responsáveis mesmo por uma palavra proferida em desprezo a respeito de uma alma por quem Cristo depôs a vida.
"Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?" I Cor. 4:7. "Quem és tu que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai." Rom. 14:4.
"Quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo." Mat. 5:22. No Antigo Testamento a palavra aí traduzida por "tolo" é usada para designar um apóstata, ou uma pessoa que se entregou à impiedade. Jesus diz que quem quer que condene seu irmão como apóstata ou desprezador de Deus, mostra ser ele mesmo digno da mesma condenação.
O próprio Cristo, quando contendia com Satanás acerca do corpo de Moisés, "não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele". Jud. 9. Houvesse Ele feito isso, e ter-Se-ia colocado no terreno de Satanás; pois a acusação é a arma do maligno. Ele é chamado na Escritura "o acusador de nossos irmãos". Apoc. 12:10. Jesus não empregaria nenhuma das armas de Satanás. Ele o enfrentou com as palavras: "O Senhor te repreenda." Jud. 9.
Temos o Seu exemplo. Quando postos em conflito com os inimigos de Cristo, nada devemos dizer em um espírito de represália, ou que tenha sequer a aparência de um juízo de maldição. Aquele que ocupa o lugar de porta-voz de Deus não deve proferir palavras que nem a Majestade do Céu empregaria quando contendendo com Satanás. Devemos deixar com Deus a obra de julgar e condenar.
"Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão." Mat. 5:24.
O amor de Deus é qualquer coisa mais que simples negação; é um princípio positivo e ativo, uma fonte viva, brotando sempre para beneficiar os outros. Se o amor de Cristo habita em nós, não somente não nutriremos nenhum ódio contra nossos semelhantes, mas buscaremos por todos os modos manifestar-lhes amor.
Jesus disse: "Se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta." Mat. 5:23 e 24. A oferta sacrifical exprimia fé em que, mediante Cristo, o ofertante se havia tornado participante da misericórdia e do amor de Deus. Mas, que uma pessoa exprimisse fé no amor perdoador de Deus, enquanto, por sua vez, condescendia com um espírito de desamor, seria simplesmente uma farsa.
Quando uma pessoa que professa servir a Deus ofende ou injuria a um irmão, representa mal o caráter de Deus diante daquele irmão e, a fim de estar em harmonia com Deus, a ofensa deve ser confessada, ele deve reconhecer que isto é pecado. Talvez nosso irmão nos tenha feito um maior agravo do que nós a ele, mas isto não diminui a nossa responsabilidade. Se, ao chegarmos à presença de Deus, nos lembramos de que outro tem qualquer coisa contra nós, cumpre-nos deixar a nossa oferta de oração, ou de ações de graças, ou a oferta voluntária, e ir ter com o irmão com quem estamos em desinteligência, confessando em humildade nosso próprio pecado e pedindo para ser perdoado.
Se, de alguma maneira, prejudicamos ou causamos dano a nosso irmão, devemos fazer restituição. Se, sem saber, demos a seu respeito falso testemunho, se lhe desfiguramos as palavras, se, por qualquer maneira, lhe prejudicamos a influência, devemos ir ter com as pessoas com quem conversamos a seu respeito, e retirar todas as nossas errôneas e ofensivas informações.
Se as dificuldades existentes entre irmãos não fossem expostas a outros, mas francamente tratadas entre eles mesmos, no espírito do amor cristão, quanto mal seria evitado! Quantas raízes de amargura pelas quais muitos são contaminados seriam destruídas, e quão íntima e ternamente poderiam os seguidores de Cristo ser unidos em Seu amor!
"Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela." Mat. 5:28.
Os judeus orgulhavam-se de sua moralidade, e olhavam com horror às práticas sensuais dos pagãos. A presença dos oficiais romanos que o governo imperial trouxera à Palestina, era um contínuo escândalo para o povo; com esses estrangeiros, viera uma inundação de costumes pagãos, concupiscência e desregramento. Em Cafarnaum, os oficiais romanos, com suas alegres amantes, freqüentavam os logradouros públicos e os passeios, e muitas vezes os sons da orgia quebravam o silêncio do lago, ao singrarem as águas tranqüilas seus barcos de prazer. O povo esperava ouvir de Jesus uma severa acusação a essa classe; mas qual não foi seu espanto ao escutarem palavras que punham a descoberto o mal de seus próprios corações!
Quando o pensamento do mal é amado e nutrido, embora secretamente, disse Jesus, isso mostra que o pecado ainda reina no coração. A alma ainda se acha em fel de amargura e em laço de iniqüidade. Aquele que encontra prazer em demorar-se em cenas de impureza, que condescende com o mau pensamento, com o olhar concupiscente, pode ver no pecado aberto, com seu fardo de vergonha e esmagador desgosto - a verdadeira natureza do mal por ele escondido nas câmaras da alma. O período de tentação sob a qual, talvez, uma pessoa caia em um pecado ofensivo, não cria o mal revelado, mas apenas desenvolve ou torna manifesto aquilo que estava oculto e latente no coração. Um homem é tal quais são os seus pensamentos (Prov. 23:7); porque de seu coração "procedem as saídas da vida". Prov. 4:23.
"Se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti." Mat. 5:30.
A fim de impedir que a doença se alastre ao corpo e destrua a vida, um homem se submeteria mesmo a separar-se de sua mão direita. Muito mais deve ele estar pronto a entregar aquilo que põe em risco a vida da alma.
Mediante o evangelho, almas degradadas e escravizadas por Satanás devem ser redimidas para partilhar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. O desígnio divino não é meramente livrar do sofrimento inevitável resultante do pecado, mas salvar do próprio pecado. A alma, corrompida e deformada, tem de ser purificada, transformada, a fim de poder ser revestida da "graça do Senhor, nosso Deus" (Sal. 90:17), conforme a "imagem de Seu Filho". Rom. 8:29. "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que O amam." I Cor. 2:9. Unicamente a eternidade pode revelar o glorioso destino a que o homem, restaurado à imagem de Deus, pode atingir.
Para podermos alcançar esse elevado ideal, o que leva a alma a tropeçar precisa ser sacrificado. É mediante a vontade que o pecado retém seu domínio sobre nós. A entrega da vontade é representada como arrancar o olho ou cortar a mão. Parece-nos muitas vezes que, sujeitar a vontade a Deus é o mesmo que consentir em atravessar a vida mutilado ou aleijado. É melhor, porém, diz Cristo, que o eu seja mutilado, ferido, aleijado, contanto que possais entrar na vida. Aquilo que considerais um desastre, é a porta para um mais elevado bem.
Deus é a fonte da vida, e só podemos ter vida ao nos acharmos em comunhão com Ele. Separados de Deus, a existência nos pertencerá por um pouco de tempo, mas não possuímos a vida. "A que vive em deleites, vivendo, está morta." I Tim. 5:6. Unicamente por meio da entrega de nossa vontade a Deus, é-Lhe possível comunicar-nos vida. Só mediante o receber Sua vida pela entrega do próprio eu é possível, disse Jesus, serem vencidos aqueles pecados ocultos que mencionei. É possível que os sepulteis em vosso coração, e os oculteis dos olhos humanos, mas como subsistireis na presença de Deus?
Se vos apegais ao eu, recusando entregar a Deus a vossa vontade, estais preferindo a morte. Para o pecado, seja onde for que ele se encontre, Deus é um fogo consumidor. Se preferis o pecado, e vos recusais a abandoná-lo, a presença de Deus, que consome o pecado, tem de consumir-vos.
Exigirá um sacrifício o entregar-se a Deus; é, porém, um sacrifício do inferior pelo mais elevado, do terreno pelo espiritual, do perecível pelo eterno. Não é o desígnio de Deus que nossa vontade seja destruída; pois é unicamente mediante o exercício da mesma que nos é possível efetuar aquilo que Ele quer que façamos. Nossa vontade deve ser sujeita à Sua a fim de que a tornemos a receber purificada e refinada, e tão ligada em correspondência com o Divino, que Ele possa, por nosso intermédio, derramar as torrentes de Seu amor e poder. Se bem que essa entrega possa parecer amarga e dolorosa ao coração voluntário, extraviado, ela te é, todavia, muito útil.
Enquanto não caiu coxo e impotente sobre o peito do anjo do concerto, não conheceu Jacó a vitória da fé triunfante, recebendo o título de príncipe de Deus. Foi quando ele "manquejava da sua coxa" (Gên. 32:31) que os armados bandos de Esaú foram acalmados diante dele, e o Faraó, orgulhoso herdeiro de uma linhagem real, abaixou-se para lhe anelar a bênção. Assim o Capitão de nossa salvação foi aperfeiçoado "por meio de sofrimentos" (Heb. 2:10), e os filhos da fé "da fraqueza tiraram forças", e "puseram em fugida os exércitos dos estranhos". Heb. 11:34. Assim "os coxos roubarão a presa" (Isa. 33:23), e o fraco se tornará "como Davi, e a casa de Davi... como o anjo do Senhor". Zac. 12:8.

"É lícito ao homem repudiar sua mulher?" Mat. 19:3.
Entre os judeus era permitido ao homem repudiar sua mulher pelas mais triviais ofensas, e a mulher se achava então em liberdade de casar outra vez. Este costume levava a grande infelicidade e pecado. No Sermão do Monte, Jesus declarou plenamente que não podia haver dissolução do laço matrimonial, a não ser por infidelidade do voto conjugal. "Qualquer", disse Ele, "que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério." Mat. 5:32.
Quando, posteriormente, os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio, Jesus apontou a Seus ouvintes a antiga instituição do casamento, segundo foi ordenada na criação. "Moisés", disse Ele, "por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, no princípio, não foi assim." Mat. 19:8. Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do Éden, quando Deus declarou tudo "muito bom". Gên. 1:31. Então tiveram origem o casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da humanidade. Então, ao unir o Criador as mãos do santo par em matrimônio, dizendo: Um homem "deixará... o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gên. 2:24), enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos de Adão, até ao fim do tempo. Aquilo que o próprio Pai Eterno declarou bom, era a lei da mais elevada bênção e desenvolvimento para o homem.
Como todas as outras boas dádivas de Deus concedidas para a conservação da humanidade, o casamento foi pervertido pelo pecado; mas é o desígnio do evangelho restituir-lhe a pureza e a beleza. Tanto no Antigo como no Novo Testamentos, a relação matrimonial é empregada para representar a terna e sagrada união existente entre Cristo e Seu povo, os remidos a quem Ele comprou a preço do Calvário. "Não temas", diz Ele; "porque o teu Criador é o teu marido; Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor." Isa. 54:4 e 5. "Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque Eu vos desposarei." Jer. 3:14. No Cântico dos Cânticos ouvimos a voz da esposa, dizendo: "O meu Amado é meu, e eu sou dele." Cant. 2:16. E Aquele que é para ela "o mais distinguido entre dez mil" (Cant. 5:10), fala a Sua escolhida: "Tu és toda formosa, amiga Minha, e em ti não há mancha." Cant. 4:7.
Posteriormente Paulo, o apóstolo, escrevendo aos cristãos efésios, declara que o Senhor constituiu o marido a cabeça da mulher, para ser-lhe protetor, o elo que liga os membros da família, da mesma maneira que Cristo é a cabeça da igreja, e o Salvador do corpo místico. Portanto Ele diz: "Assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a Si mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar a sua própria mulher." Efés. 5:24-28.
A graça de Cristo, e ela somente, pode tornar essa instituição o que Deus designou que fosse: um meio para a bênção e reerguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em sua união, paz e amor, podem representar a família do Céu.
Hoje, como nos dias de Cristo, a condição da sociedade apresenta triste quadro do ideal celeste dessa sagrada relação. No entanto, mesmo para os que depararam com amargura e desengano quando haviam esperado companheirismo e alegria, o evangelho de Cristo oferece um consolo. A paciência e a gentileza que Seu Espírito pode comunicar, suavizará a condição de amargura. O coração em que Cristo habitar, estará tão repleto, tão satisfeito com Seu amor, que se não consumirá no desejo de atrair simpatia e atenção para si próprio. E pela entrega da alma a Deus, Sua sabedoria pode realizar o que a sabedoria humana deixa de fazer. Por meio da revelação de Sua graça, os corações que uma vez estiveram indiferentes ou desafeiçoados podem ser unidos em laços mais firmes e mais duradouros que os da Terra - os áureos laços do amor que suportará o calor da provação.

"De maneira nenhuma, jureis." Mat. 5:34.
É apresentada a razão para isso: não devemos jurar "pelo Céu, porque é o trono de Deus, nem pela Terra, porque é o escabelo de Seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto". Mat. 5:34-36.
Todas as coisas vêm de Deus. Nada temos que não tenhamos recebido; e, mais ainda, não temos nada que não haja sido comprado para nós pelo sangue de Cristo. Tudo quanto possuímos, recebemos selado com a cruz, comprado com o sangue cujo valor é inapreciável, pois é a vida de Deus. Daí, não há coisa alguma que, como se fora nossa mesma, tenhamos o direito de empenhar para o cumprimento de nossa palavra.
Os judeus compreendiam o terceiro mandamento como proibição do emprego profano do nome de Deus; mas se julgavam na liberdade de empregar outros juramentos. O jurar era coisa comum entre eles. Haviam sido proibidos, por intermédio de Moisés, de jurar falsamente; mas tinham muitos meios de se livrar da obrigação imposta por um juramento. Não temiam condescender com o que era realmente profano, nem recuavam do perjúrio, contanto que o mesmo estivesse velado por qualquer técnica evasiva à lei.
Jesus lhes condenou as práticas, dizendo que seu costume de jurar era uma transgressão ao mandamento de Deus. Nosso Salvador não proibiu, todavia, o emprego do juramento judicial, no qual Deus é solenemente invocado para testificar que o que se diz é verdade, e nada mais que a verdade. O próprio Jesus, em Seu julgamento perante o Sinédrio, não Se recusou a testificar sob juramento. Disse-Lhe o sumo sacerdote: "Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus." Jesus respondeu: "Tu o disseste." Mat. 26:63 e 64. Houvesse Cristo, no Sermão do Monte condenado o juramento judicial, em Seu julgamento haveria reprovado o sumo sacerdote, reforçando assim, para benefício de Seus seguidores, Seus próprios ensinos.
Muitos, muitos há que não temem enganar seus semelhantes; mas foi-lhes ensinado, e eles foram impressionados pelo Espírito de Deus, que é terrível coisa mentir a seu Criador. Quando postos sob juramento, é-lhes feito sentir que não estão testemunhando apenas diante dos homens, mas perante Deus; que se derem falso testemunho, é Àquele que lê no coração, e que sabe a exata verdade. O conhecimento dos terríveis juízos que se têm seguido a esse pecado tem uma influência refreadora sobre eles.
Mas se existe alguém que possa coerentemente testificar sob juramento, esse é o cristão. Ele vive constantemente como na presença de Deus, sabendo que todo pensamento está aberto perante os olhos daquele com quem temos de tratar; e, quando lhe é exigido fazer assim em uma maneira legal, é-lhe lícito apelar para Deus como testemunha de que o que ele diz é a verdade, e nada senão a verdade.
Jesus estabeleceu então um princípio que tornaria desnecessário o juramento. Disse que a exata verdade deve ser a lei da linguagem. "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna." Mat. 5:37.

Essas palavras condenam todas aquelas frases sem sentido e palavras expletivas, que beiram a profanidade. Condenam os enganosos cumprimentos, a evasiva da verdade, as frases lisonjeiras, os exageros, as falsidades no comércio, coisas comuns na sociedade e no comércio do mundo. Elas ensinam que ninguém que busque parecer o que não é, ou cujas palavras não exprimam o sentimento real do coração, pode ser chamado verdadeiro.
Caso fossem ouvidas essas palavras de Cristo, elas impediriam a enunciação de ruins suspeitas e crítica má; pois, comentando as ações e os motivos de outro, quem pode estar certo de que o que diz é a justa verdade? Quantas vezes o orgulho, a paixão, o ressentimento pessoal, dão cores à impressão transmitida! Um olhar, uma palavra, a própria entonação da voz, podem estar cheios de mentira. Mesmo os fatos podem ser declarados de modo a dar uma falsa impressão. E "o que passa" da verdade "é de procedência maligna". Mat. 5:37.
Tudo quanto os cristãos fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder do maligno. Não é, todavia, coisa leve ou fácil falar a exata verdade; e quantas vezes opiniões preconcebidas, peculiares disposições mentais, imperfeito conhecimento, erros de juízo, impedem uma justa compreensão das questões com que temos de lidar! Não podemos falar a verdade, a menos que nossa mente seja continuamente dirigida por Aquele que é a verdade.
Cristo nos recomenda por intermédio do apóstolo Paulo: "A vossa palavra seja sempre agradável." Col. 4:6. "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem." Efés. 4:29. À luz destas passagens, as palavras de Cristo no monte condenam as galhofas, as futilidades, as conversas impuras. Exigem que nossas palavras sejam, não somente verdadeiras, mas puras.
Aqueles que têm aprendido de Cristo não terão comunicação "com as obras infrutuosas das trevas". Efés. 5:11. Na linguagem, como na vida, serão simples, retos e verdadeiros; pois estão-se preparando para a companhia daqueles santos em cuja boca "não se achou engano". Apoc. 14:5.
"Não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra." Mat. 5:39.
Surgiam constantemente ocasiões de irritação para os judeus em razão de seu contato com a soldadesca romana. Destacamentos de tropas achavam-se estacionados em vários pontos através da Judéia e da Galiléia, e sua presença lembrava aos judeus a própria degradação como um povo. Com amargura ouviam eles o alto soar da trombeta, e viam as tropas formando em torno das bandeiras romanas, curvando-se em homenagem ante este símbolo de seu poder. Freqüentes eram os choques entre o povo e os soldados, choques que acendiam o ódio popular. Muitas vezes, quando algum oficial romano ia, apressado, de um lugar para outro, acompanhado de sua guarda, lançava mão dos camponeses judeus que trabalhavam no campo, forçando-os a carregar fardos, montanhas acima ou a prestar outro qualquer serviço de que necessitassem. Isto estava em harmonia com a lei e o costume romanos, e a resistência a exigências desta ordem apenas daria lugar a sarcasmos e crueldades. Dia a dia se aprofundava no coração do povo o anseio de sacudir o jugo romano. Especialmente entre os ousados galileus de rijos pulsos, era predominante o espírito de insurreição. Como cidade fronteiriça, era Cafarnaum sede de uma guarnição, e mesmo enquanto Jesus estava ensinando, a vista de um grupo de soldados evocou a Seus ouvintes a amarga lembrança da humilhação de Israel. O povo olhava ansiosamente para Cristo, esperando que fosse Ele Aquele que houvesse de humilhar o orgulho romano.
Foi com tristeza que Jesus contemplou as faces voltadas para Ele. Observava o espírito de vingança que estampara seus maus traços sobre eles, conhecendo quão veementemente ansiava o povo o poder a fim de esmagar seus opressores. Com tristeza, Ele lhes ordena: "Não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra." Mat. 5:39.
Estas palavras não eram senão uma reiteração do ensino do Antigo Testamento. É verdade que a regra: "olho por olho, dente por dente" (Lev. 24:20), era uma providência nas leis dadas por intermédio de Moisés; era, porém, um estatuto civil. Ninguém seria justificado em se vingar a si mesmo; pois tinham as palavras do Senhor: "Não digas: Vingar-me-ei." Prov. 20:22. "Não digas: Como ele me fez a mim, assim lhe farei a ele." Prov. 24:29. "Quando cair o teu inimigo, não te alegres." Prov. 24:17. "Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; e, se tiver sede, dá-lhe água para beber." Prov. 25:21.
Toda a vida terrestre de Jesus foi uma manifestação deste princípio. Foi para trazer o pão da vida a Seus inimigos, que nosso Salvador deixou Seu lar no Céu. Se bem que se amontoassem sobre Ele calúnias e perseguições desde o berço até à sepultura, estas não Lhe provocaram senão expressões de um amor que perdoa. Por intermédio do profeta Isaías, Ele diz: "As Minhas costas dou aos que Me ferem e a face, aos que me arrancam os cabelos; não escondo a face dos que Me afrontam e me cospem." Isa. 50:6. "Ele foi oprimido, mas não abriu a Sua boca." Isa. 53:7. E, através dos séculos, chega-nos da cruz do Calvário Sua oração pelos que Lhe davam a morte, e a mensagem de esperança ao ladrão moribundo.
A presença do Pai circundou a Cristo e nada Lhe sobreveio sem que o infinito amor permitisse, para a bênção do mundo. Aí estava Sua fonte de conforto, e ela existe para nós. Aquele que estiver impregnado do Espírito de Cristo, habita em Cristo. O golpe que lhe é dirigido cai sobre o Salvador, que o circunda com Sua presença. O que quer que lhe aconteça vem de Cristo. Não precisa resistir ao mal, porque Cristo é sua defesa. Nada lhe pode tocar a não ser pela permissão de nosso Senhor; e todas as coisas que são permitidas "contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus". Rom. 8:28.
"Ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta [túnica], larga-lhe também a capa [manto]; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas." Mat. 5:40 e 41.
Jesus ordenou a Seus discípulos que, em vez de resistir às exigências dos que se acham em autoridade, fizessem ainda mais do que lhes era exigido. E, o quanto possível, se desempenhassem de qualquer obrigação, mesmo que fosse além do que exigia a lei da Terra. A lei, segundo fora dada por Moisés, recomendava uma mui terna consideração para com o pobre. Quando um homem pobre dava sua roupa em penhor, ou em garantia por uma dívida, não era permitido ao credor entrar-lhe em casa a fim de a ir buscar; devia esperar na rua para que o penhor lhe fosse levado. E fossem quais fossem as circunstâncias, o penhor devia ser restituído a seu dono ao pôr-do-sol. (Deut. 24:10-13). No tempo de Cristo essas misericordiosas providências eram pouco atendidas; mas Jesus ensinou Seus discípulos a se submeterem à decisão do tribunal, mesmo que esta exigisse além do que autorizava a lei de Moisés. Ainda que requeresse uma parte de seu vestuário, deviam submeter-se. Mas ainda, deviam dar ao credor o que lhe era devido, se necessário entregando mesmo mais do que o tribunal o autorizava a tomar. "Ao que quiser pleitear contigo", disse Ele, "e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa." Mat. 5:40. E se os mensageiros vos exigirem que andeis com eles uma milha, ide com eles duas.
Jesus acrescentou: "Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes." Mat. 5:42. A mesma lição fora ensinada por intermédio de Moisés: "Não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade." Deut. 15:7 e 8. Esta escritura esclarece o sentido das palavras do Salvador. Cristo não nos ensina a dar indiscriminadamente a todos quantos pedem por caridade; mas diz: "Livremente lhe emprestarás o que lhe falta"; e isto deve ser uma dádiva, de preferência a um empréstimo; pois cumpre-nos emprestar "sem nada" esperar. (Luc. 6:35.)
"Aquele que se dá com sua esmola, está nutrindo a três de uma só vez:
A si, bem como ao próximo, a quem consola; nutre também a Mim."
"Amai a vossos inimigos." Mat. 5:44.
A lição do Salvador: "Não resistais ao mal" (Mat. 5:39), era dura de ouvir para os vingativos judeus, e eles murmuraram contra ela entre si. Jesus fez então uma declaração ainda mais forte:
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos Céus." Mat. 5:43-45.
Tal era o espírito da lei que os rabis tão mal haviam interpretado como um frio e rígido código de cobranças. Consideravam-se melhores que os outros homens, e como com direito ao especial favor de Deus em virtude de seu nascimento israelita; mas Jesus indicou o espírito de amor perdoador como aquele que evidenciaria serem atuados por motivos mais elevados do que os mesmos publicanos e pecadores a quem eles desprezavam.
Ele encaminhou Seus ouvintes ao Governador do Universo, sob a nova designação: Pai Nosso. Queria que compreendessem quão ternamente o coração de Deus por eles anelava. Ensinou que Deus cuida de toda alma perdida; que "como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem". Sal. 103:13. Tal concepção de Deus não foi jamais dada ao mundo por qualquer religião senão a da Bíblia. O paganismo ensina os homens a olharem para o Ser Supremo como objeto de temor em vez de amor - uma divindade maligna a ser apaziguada por sacrifícios, e não um Pai derramando sobre Seus filhos o dom do Seu amor. Mesmo o povo de Israel se tornara tão cego ao precioso ensino dos profetas acerca de Deus, que esta revelação de Seu paternal amor era coisa original, uma nova dádiva ao mundo.
Os judeus afirmavam que Deus amava aqueles que O serviam - segundo seu ponto de vista, aqueles que cumpriam as exigências dos rabinos - e que todo o resto do mundo jazia sob o Seu desagrado e maldição. Não assim, disse Jesus; o mundo inteiro, os maus e os bons, acham-se sob o sol do Seu amor. Esta verdade devíeis ter aprendido da própria Natureza; pois Deus "faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos". Mat. 5:45.
Não é em virtude de um poder inerente que a Terra produz ano após ano sua abundância, e continua em seu giro ao redor do Sol. A mão de Deus guia os planetas, e os conserva em posição em sua bem ordenada marcha através dos céus. É por meio de Seu poder que verão e inverno, sementeira e sega, dia e noite se seguem em sucessão regular. É por meio de Sua palavra que a vegetação floresce, aparecem as folhas, desabotoam as flores. Todas as boas coisas que possuímos, todo raio de Sol e toda chuva, todo bocado de pão, todo momento de vida, é um dom de amor.
Enquanto éramos ainda destituídos de amor e do que nos fizesse amáveis no caráter, "odiosos, odiando-nos uns aos outros" (Tito 3:3), nosso Pai celestial teve misericórdia de nós. "Quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a Sua misericórdia, nos salvou." Tito 3:4 e 5. Uma vez recebido o Seu amor, torna-nos, semelhantemente, bondosos e ternos, não somente para os que nos agradam, mas para com os mais faltosos e errantes pecadores.
Os filhos de Deus são os que partilham de Sua natureza. Não é a posição terrena, nem o nascimento, nem a nacionalidade, nem os privilégios religiosos, o que prova ser membro da família de Deus; é o amor, um amor que envolve toda a humanidade. Mesmo os pecadores cujo coração não se ache inteiramente cerrado ao Espírito de Deus, corresponderão à bondade; conquanto devolvam ódio por ódio, darão também amor por amor. É, porém, unicamente o Espírito de Deus que dá amor em troca de ódio. Ser bondoso para o ingrato e o mau, fazer o bem sem esperar retribuição, é a insígnia da realeza celeste, o sinal certo pelo qual os filhos do Altíssimo revelam sua elevada condição.

"Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mat. 5:48.
A palavra "pois" implica em uma conclusão, uma dedução do que foi dito antes. Jesus estivera descrevendo a Seus ouvintes a infalível misericórdia e amor de Deus, e manda-lhes portanto que sejam perfeitos. Pois que vosso Pai celeste "é benigno até para com os ingratos e maus" (Luc. 6:35), pois que Se abaixou para vos erguer, portanto, disse Jesus, podeis tornar-vos semelhantes a Ele no caráter, e apresentar-vos irrepreensíveis diante dos homens e dos anjos.
As condições da vida eterna, sob a graça, são exatamente as mesmas que eram no Éden - perfeita justiça, harmonia com Deus, conformidade perfeita com os princípios de Sua lei. A norma de caráter apresentada no Antigo Testamento é a mesma apresentada no Novo. Esta norma não é de molde a não podermos atingi-la. Em toda ordem ou mandamento dado por Deus, há uma promessa, a mais positiva, a fundamentá-la. Deus tomou as providências para que nos possamos tornar semelhantes a Ele, e cumpri-las-á para todos quantos não interpuserem uma vontade perversa, frustrando assim a Sua graça.
Com amor indizível nos tem Deus amado, e nosso amor se desperta para com Ele ao compreendermos algo da extensão e largura e profundidade e altura desse amor que sobrepuja todo entendimento. Pela revelação da atrativa beleza de Cristo, pelo conhecimento de Seu amor a nós expresso enquanto éramos ainda pecadores, o coração obstinado abranda-se e é subjugado, e o pecador transforma-se e torna-se um filho do Céu. Deus não emprega medidas compulsórias; o amor é o meio que Ele usa para expelir o pecado do coração. Por meio dele, muda o orgulho em humildade, a inimizade e incredulidade em amor e fé.
Os judeus haviam estado labutando penosamente a fim de atingir a perfeição mediante seus próprios esforços, e tinham fracassado. Cristo já lhes dissera que sua justiça jamais poderia entrar no reino do Céu. Agora Ele lhes indica o caráter da justiça que devem possuir todos quantos entram no Céu. Em todo o Sermão do Monte, descreve os frutos desse reino, e agora, em uma sentença, aponta-lhe a origem e a natureza: Sede perfeitos, como Deus é perfeito. A lei não passa de uma imagem do caráter de Deus. Contemplai em vosso Pai celestial uma manifestação perfeita dos princípios que são o fundamento de Seu governo.
Deus é amor. Quais raios de luz vindos do Sol, o amor e a luz e a alegria procedem dEle para todas as Suas criaturas. Dar é Sua natureza. Sua vida mesma é o fluir de um desinteressado amor.
"Sua glória é dos filhos a felicidade,
Sua alegria está nessa Paternidade."
Ele nos diz que sejamos perfeitos como Ele o é - da mesma maneira. Cumpre-nos ser centros de luz e bênção para o nosso pequeno círculo, da mesma maneira que Ele o é para o Universo. Nada temos de nós mesmos, mas a luz de Seu amor resplandece sobre nós, e devemos refletir-lhe a glória. "Bons na bondade que Ele nos empresta", podemos ser perfeitos em nossa esfera, da mesma maneira que Deus é perfeito na Sua.
Jesus disse: "Sede... perfeitos, como é perfeito vosso Pai." Mat. 5:48.

Se sois filhos de Deus, sois participantes de Sua natureza, e não podeis deixar de ser semelhantes a Ele. Todo filho vive pela vida de seu pai. Se sois filhos de Deus - gerados por Seu Espírito - viveis pela vida de Deus. Em Cristo habita "corporalmente toda a plenitude da divindade" (Col. 2:9); e a vida de Cristo se manifesta "em nossa carne mortal". II Cor. 4:11. Essa vida em vós produzirá o mesmo caráter e manifestará as mesmas obras que nele produziu. Assim estareis em harmonia com todo preceito de Sua lei; pois "a lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma". Sal. 19:7. Mediante o amor, "a justiça da lei" será cumprida em nós, "que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito". Rom. 8:4.
Fonte: O Maior Discurso de Cristo